sexta-feira, 25 de abril de 2008

Assim tento responder ao desafio do Nuno...


Comecei por socorrer-me do arquivo do Combustões, pois que tinha uma vaga ideia de um post em que versa esta matéria. Depois de uma busca, encontrei-o:" O Brasil de D. Pedro II e o Brasil de Lula", de 4 de Outubro de 2006; - aí diz o Miguel ser aquele "Homem de grande dimensão moral e intelectual(...)que sempre viveu de forma discreta" tendo sido grande amigo de Portugal e das letras portuguesas", referindo as visitas do Imperador a Camilo Castelo Branco. Mas os dois homens terão, além disso, mantido uma correspondência regular, como me dei conta ao consultar, entre outros, o «Boletim da Casa de Camilo.
Tê-lo-á visitado, também, na casa do escritor no Porto, na Rua de S. Lázaro, em 1872, quando este já se encontrava doente: "Tornou-se assunto de conversação a analyse de uns quadros que o senhor Camillo Castello Branco tinha na sala, mostrando o soberano vastos conhecimentos sobre pintura".
Depois de o escritor ter oferecido a D. Pedro um quadro com os vinte e um primeiros reis portugueses, tendo-se ele" comprazido de possuir umas lembrança de Camillo (...), fallaram de literatura, tanto portuguesa como brasileira, matéria sobre a qual o monarcha discursou largamente, com perfeito conhecimento de causa".
Finalmente, num dos volumes de "Dispersos de Camilo" , coligidos por Júlio Dias da Costa, encontrei uma carta dirigida a Tomás Ribeiro, na qual diz Camilo: "No « Livro de Consolação», pagina primeira, está impresso um documento que eu desejo fazer-te conhecido. É uma carta escripta a S. Magestade o Imperador do Brasil, dedicando-lhe affoitamente e audaciosamente, o meu livro. Essa carta manifesta o meu grande respeito e a minha profunda gratidão áquelle magnanimo homem, que não carecia de diadema para ser um dos mais veneraveis cultores das letras, e amigo dos operarios que vivem acorrentados á galé dos trabalhos do espírito, em que a alma, alando-se para altas regiões, vai deixando cahir em terra o corpo despedaçado».

3 comentários:

O Réprobo disse...

Por essas e por outras - como o abolicionismo monárquico da escravatura - é que Espíritos como Joaquim Nabuco permaneceram sempre adeptos da Coroa, contra a República reactiva dos fazendeiros que, despeitados por não poderem mais usar escravos de jure, pretendiam empregar forçados de facto.
D. Pedro II distinguiu-se no exílio enropeu, também, como um dos mais cultivados e exigentes wagnerianos.
Beijo, Querida Cristina

cristina ribeiro disse...

Paulo, eu que tinha um conhecimento muitíssimo vago do Imperador, fiquei, graças a este desafio, muito bem impressionada.
Num dos livros que consultei fala-se nesse culto de Wagner. Era um homem muito cultivado e bom.
Beijo

João Pedro disse...

A visita não correu assim tão bem como o pintam. O Imperador terá deixado por pagar a conta da estadia no Grande Hotel, conta essa saldada por um rico "brasileiro" por motivos de honra.