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terça-feira, 15 de abril de 2008

O que a esquerda devia meter na cabeça...

... antes de debitar barbaridades como se vêem por aí, culpando o liberalismo (que não existe verdadeiramente em Portugal), pela crise económico-financeira portuguesa (para não falar da mundial que se avizinha), via Blasfémias:

A maior parte do sector privado lusitano só quer e, se calhar, só pode subsistir associado à tutela estatal e não tem pejo em subordinar-se aos operadores puramente políticos, abandonando a evolução de culturas de empresas inovadoras desenvolvidas por gestores profissionais que pusessem, finalmente, o mercado a funcionar em Portugal. No curto prazo, este hesitante sector privado nascido dos cravos de Abril parece ver mais ganhos incorporando governos em si próprio do que emancipando-se de tutelas constrangedoras.(Mário Crespo in Jornal de Notícias)

E já agora ler a resposta pragmática de LR no Blasfémias:

A atitude habitual nestes casos é diabolizar os políticos, as empresas e os empresários, o que nos confere um muito aceitável estatuto de puristas guardiões de nobres valores como o do pudor. Todos se esquecem porém de três premissas fundamentais, a saber:

* Os agentes económicos reagem adequada e racionalmente a incentivos, sob pena de comprometerem a sua actividade;
* É ao Estado ou a entidades por ele dominadas a quem cabe a (i)rresponsabilidade pela atribuição dos (maus) incentivos;
* A carne é fraca e este mundo está infestado de pecadores.

O implícito “É assim!” do Jorge Coelho traduz, no fundo, a clarividência de quem conhece muitíssimo bem o sistema vigente - ou não se tratasse de um dos seus principais “arquitectos” - e sabe aproveitar em benefício próprio os incentivos que aquele disponibiliza. Recusasse ele o convite, haveria por certo muitos outros “apparatchiks” em fila disponíveis para a função.

sábado, 22 de março de 2008

A respeito da verborreia xuxialista sobre os piercings

Limito-me a citar Stuart Mill, pedindo desde já desculpa aos leitores portugueses pelo português do Brasil (coloquei apenas as chamadas consoantes mudas, mantendo a construção gramatical intacta), posto que a edição do Ensaio Sobre a Liberdade que possuo foi adquirida por terras de Vera Cruz:

Eles devem estar para sempre estimulando uns aos outros para um mesmo exercício cada vez maior de suas mais elevadas faculdades, e uma direcção cada vez maior de seus sentimentos e metas em direcção ao sábio ao invés do tolo, elevando ao invés de degradar, objectos e contemplações.

Mas nem uma pessoa, nem qualquer número de pessoas, tem permissão de dizer a outro ser humano de idade madura, que ele não deve fazer com sua vida para seu próprio benefício aquilo que escolhe fazer com ela.

Ela é a pessoa mais interessada em seu próprio bem-estar: o interesse que qualquer outra pessoa, excepto em casos de forte relação pessoal, possa ter nele, é superficial, comparado com aquele próprio que tem; o interesse que a sociedade tem nele individualmente (excepto em relação a sua conduta com os outros) é fraccional, e completamente indirecto: com respeito a seus próprios sentimentos e circunstâncias, o homem ou mulher mais comum possui meios de conhecimento que imensuravelmente excedem aqueles que possam ser possuídos por qualquer outra pessoa.

A interferência da sociedade para governar seu julgamento e propósitos naquilo a que concerne a ele próprio, deve estar fundamentado em suposições gerais, que podem estar completamente erradas, e mesmo se certas, podem provavelmente ser mal aplicadas aos casos individuais por pessoas não conhecedoras das circunstâncias de tais casos do que aqueles que os vêem exteriormente.

Neste departamento, portanto, de assuntos humanos, a individualidade tem seu próprio campo de acção.

Na conduta de seres humanos em relação a outros, é necessário que regras gerais sejam observadas pela maioria, a fim de que as pessoas possam saber o que devem esperar; mas nos próprios interesses de cada pessoa, sua espontaneidade individual tem o direito do livre exercício.

Considerações para ajudar seu julgamento, conselhos para reforçar sua vontade, podem ser oferecidos a ela, mesmo impostos a ela, por outros, mas ela própria será o juiz final.

Na blogosfera

Há uns bons anos, houve um artigo do Luís Aguiar-Conraria que argumentava que o Caminho para a Servidão não era inevitável quando os regimes políticos vigentes eram meramente social-democratas - e não socialistas puros, como acontecia no tempo de Hayek.

Na altura contra-argumentou-se que o Road to Serfdom estava sim a ser percorrido, mas não com as mesmas etapas. As sociais-democracias davam sinais de começar pelo fim da enumeração de Hayek.

Impossibilitadas de controlar directamente a economia, entretinham-se a ordenar o uso do corpo (o que se fuma, o que se bebe, o que se come) e da mente (como se diz, como se pensa, como se publica). E em pinça, crescia o welfare state, a burocracia, o corporate-welfare, o corporativismo, o proteccionismo, o nannystatismo.

Adiante, quais são os sintomas da aplicação da social-democracia a um nível local, ou seja, a um domínio com reduzida capacidade legislativa e jurídica? Dito de outra forma, funcionaria a social-democracia se limitada?

Em quanto tempo deixa a sociedade de reagir quando sujeita a doses maciças de keynesianismo económico e intervencionismo social?

António Costa Amaral in A Arte da Fuga