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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Pedaços do Minho.


Espadelada do linho numa noite de luar, no Verão.

É ao som de cantigas como "Oh, que lindo luar faz
Para colher a marcela,
Vamol-a colher ambinhos,
Fazemos a cama n'ela"

e de concertinas, que homens e mulheres vão proceder a mais esta fase do tratamento do linho, agora corado ao sol, depois de colhido e submerso em água. As sementeiras da planta já tinham acontecido na Primavera.
Nesta altura o linho, já ripado, é batido com uma espadela, instrumento de madeira em forma de cutelo, para depois ser submetido a uma espécie de crivo, que o há-de " purificar", separando-o da estopa.
Está pronto para ser fiado pelas mulheres nos serões de Outono e Inverno.

domingo, 25 de maio de 2008

Pedaços do Minho


Ó meu amor, se partires
Leva-me, podendo ser,
Que eu quero ir acabar
Onde tu fores morrer.

Vivo triste, pensativa,
Cuidadosa, dando ais,
Desejosa de saber,
Meu amor, por onde andaes.

Da minha janela reso
À Senhora das Areias,
Que me mande o meu amor
Que anda por terras alheias.

Saudades não vinhais juntas,
Vinde antes poucas e poucas,
Vinde mais compassadinhas,
Dae lugar umas às outras.

«O Minho Pittoresco»

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pedaços do Minho

Perguntas o que significa
Um limão todo traçado,
Significa os martyrios
Que por ti tenho passado.

A laranja quando nasce
Pergunta ao limoeiro
Qual amor é o mais firme
Se o segundo, se o primeiro.

Se a oliveira fallasse
Ela diria o que viu.
Co'a sombra das suas folhas
Dois amantes encobriu.

O arado lavra a terra
A grade grada-a depois,
Quem vae guiando a rabiça
Sorri a quem guia os bois.

Ó José, lindo José,
Cabellinho aos aneis,
Por tua causa, José
Passo tormentos crueis.

«O Minho Pittoresco»

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Pedaços do Minho

"Arvores copadas, de uma doce tonalidade fresca, enchem o grande largo. Há uma indefinida simplicidade, um ar íntimo, quasi de família, na população, assim mergulhada no seio d'aquella natureza poderosa e boa. As thermas,chegam a ser verdadeiramente um remedio, por se não parecerem em nada com o pretexto frivolo, que se chama ' ir fazer uma estação balnear', onde se ostentam as primeiras ' toilettes' de Verão. O banhista das Taipas toma a serio o seu papel de doente, e por isso ha quem diga que são tristes as Caldas. Eu achei que eram apenas d'essa vaga melancholia pantheista com que a natureza perfuma o coração do homem, dando-lhe a sensação inexplicavel da sua absorção ao suave contacto dos beijos da terra-mater. Nada mais bello como paysagem, nada mais ameno como vegetação. O Ave que vae ali tão perto, quasi não ri, murmura; dir-se-ia que vae, em meio d'este silencio, cantando uma canção ossianica de uma tristeza dolente(...). Estas aguas mineraes foram já conhecidas dos romanos, do que é confirmação a famosa ' ara de Trajano' ou ' ara de Minerva' , que o povo conhece pelo nome de ' Penedo da Moura'.(...) Preciosas thermas, umas das primeiras do paiz.
A estrada que nos leva até Guimarães, corre das Taipas em tão suave planície e vae debruada de tão feiticeira paysagem que instintivamente se recommenda ao cocheiro para caminhar lentamente..." in«O Minho Pittoresco»

As Caldas das Taipas eram assim em 1886. De lá para cá muita coisa mudou, mas se procurarmos bem, e com tempo, o essencial permanece; basta estarmos com os sentidos bem alerta, para o enxergarmos. Até porque a grande metamorfose é muito recente e ainda conheci muito do que aqui é retratado. Não é um tempo longínquo, aquele de que falo, mas já posso dizer- "no meu tempo...".

domingo, 27 de abril de 2008

Pedaços do Minho


Adeus ó lugar de Ervelho,
Pequenino e airoso,
Quem n'elle tomar amores
Póde-se dar por ditoso.

A agua do rio Minho
Corre por baixo da ponte,
Quem quizer o cravo louco
Ponha-lhe a rosa defronte.

Alta serra do Gerez
Onde a neve se detem,
Chamo, ninguem me responde,
Olho, não vejo ninguem.

O' alta serra da Estrella
Onde se tece a cambraia,
Se d'esta me vejo livre
Não temas que eu n'outra caia.

(in «O Minho pittoresco»)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pedaços do Minho


Santa Maria Madalena da Falperra- Guimarães

Situada no alto da serra da Falperra, na freguesia de Santa Cristina de Longos, rodeada de frondosos carvalhos e sobreiros, é a jóia da coroa de um dos lugares mais idílicos da região, muito procurado pelas gentes daqui, principalmente em tempos de calor, pois que aí vão encontrar a sombra que buscam.
A igreja do mesmo nome foi mandada edificar no século XVIII, pelo arcebispo de Braga, e antigo reitor da Universidade de Coimbra, D. Rodrigo de Moura Teles, e projectada pelo arquitecto bracarense André Soares, num estilo barroco rococó.
Foi, em tempos antigos, o valhacouto de salteadores, como o conhecido Zé do Telhado, que se cruzou com Camilo Castelo Branco na Cadeia da Relação do Porto, como este relata nas «Memórias do Cárcere», e com quem o bisavô de minha mãe privou muitas vezes, a caminho de Braga...

sábado, 19 de abril de 2008

Pedaços do Minho


A açucena co'o pé n'água
Pode estar quarenta dias,
Eu sem ti nem uma hora,
Quanto mais annos e dias.

Amar e saber amar,
Amar e saber a quem,
Eu só amo a ti menina,
Não amo a mais ninguém.

Annel de sete pedrinhas
Foi feito na pedraria,
Eu não te posso deixar,
Parece feitiçaria.

(in «O Minho Pittoresco»)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Pedaços do Minho

Tornemos, amor tornemos,
Tornemos ao que era d'antes,
Seremos amantes firmes,
Seremos firmes amantes.

Eu sou sol e tu és sombra
Qual de nós será mais firme?
Eu, como o sol a adorar-te,
Tu, como a sombra a fugir-me.

Hei-de atar o junco verde
À raiz da amendoeira,
Se não lograr os teus olhos
Prefiro ficar solteira.

Ó luar da meia-noite,
Ó luar da claridade,
Ó luar que tens prendido
Toda a minha liberdade.

(in«O Minho Pittoresco»)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Pedaços do Minho


Dizes que me queres bem,
Que me adoras no teu peito,
Quem quer bem, não faz assim,
Quem ama tem outro geito.

Dizes que me queres muito,
Tudo isso considero,
Mas dos dentes para fora
Quem quer diz, eu bem te quero.

Dizes que me queres muito,
Que me tens muito amor,
O mundo vive de enganos,
Quem me dás por fiador?

Dizes que me queres muito,
Ignoro o teu querer,
Tu falas quando me encontras,
Não passeias por me ver.

Dizes que me queres muito,
Não entendo o teu querer,
O dizer «quero-te bem»
Qualquer o pode dizer.

(in«O Minho Pittoresco»)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Pedaços do Minho


Não canto por bem cantar
Nem por ser a cantadeira,
Canto para fazer raiva
Àquella namoradeira.

Mal te vi, amei-te logo,
O meu peito deu rebate,
Fôra duro o coração
Para ver-te e não amar-te.

Tenho terra na algibeira,
Agua fechada na mão,
Para plantar uma rosa
Dentro do teu coração.

Hei-de amar-te tantos annos
Como folhas tem o vime,
Tu julgas que te sou falsa,
Cada vez te sou mais firme.

(in «O Minho Pittoresco»)

domingo, 13 de abril de 2008

Pedaços do Minho

"O gosto que a salsa tem
Têm meus olhos em te ver,
Trago-te no centro d'alma,
Não me podes esquecer.

Fui à fonte de três bicas,
Bebi, tornei a beber,
Nem minha boca se enfada
Nem meus olhos de te ver.

Não te esqueças de trazer-me
Dentro do teu coração,
Considera um só momento
A nossa separação.

(in «O Minho Pittoresco»)

sábado, 12 de abril de 2008

Pedaços do Minho


Tomei amores com o vento,
Não sei se faria bem,
O vento é bandoleiro,
Não tem amor a ninguém.


Trocaste-me a mim por outra
Meu amor, fizeste bem,
Perdeste-me a lealdade
Quero perdê-la também.

A maré cresce e decresce,
Fica a praia descoberta,
Vae-se um amor e vem outro,
Não há verdade mais certa.

Pega o salgueiro de estaca,
O amieiro de raiz,
Não te gabes de deixar-me
Que fui eu que te não quis."

(in «O Minho Pittoresco»)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Pedaços do Minho


"Amorsinho da minha alma
Ensina-me a tua arte,
Ensina-me a aborrecer-te
Que eu não sei senão amar-te.

Tenho os olhos tão affeitos
A fitarem-se nos teus,
Que de tanto os ter olhado
Já não sei quais são os meus.

Em te ver eu vejo a Deus,
Não sei se pecco, se não,
Vejo a Deus na minha alma,
A ti no meu coração."

(in «O Minho Pittoresco» )

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Pedaços do Minho

"Ainda que o lume se apague
Na cinza fica o calor,
Ainda que o amor se ausente
No coração fica a dor.

Adoro-te tanto, tanto
Como o sol adora a terra,
Mas tu tens outros amores,
Não te quero causar guerra.

Quem do meu peito sahiu
Grande delicto causou,
Não venhas com piedade,
Quem sahiu já mais entrou.

Quando os campos verdes choram
As aves de mim têm dor
Só por ver a falsidade
Com que me tratas, amor."




(in «O Minho Pittoresco» )

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pedaços do Minho (Concelho de Guimarães)