quarta-feira, 14 de maio de 2008

Camilo visto por

1. Ramalho Ortigão

Nas últimas noites, antes de adormecer, tenho-me deliciado com a leitura de uns escritos de Ramalho sobre o homem de Seide:
"Pelo conjunto total das exuberâncias e das deficiências da sua natureza de escritor, pelas suas qualidades e pelos seus defeitos, pelo seu temperamento, pela sua educação, pela sua obra, que é a imagem da sua vida, o nome de Camilo Castelo Branco representará para sempre na história da literatura pátria o mais vivo, o mais característico, o mais glorioso documento da actividade artística peculiar da nossa raça, porque ele é, sem dúvida alguma, entre todos os escritores do nosso século, o mais genuinamente peninsular, o mais tipicamente português."

3 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

E por isso mesmo tão desprezado pelos actuais senhores da cultura que tal como os seus antecessores de há cem anos, incensavam tudo o que vinha de fora. Puxando a rasa à nossa sardinha favorita, já a rainha Amélia troçava dos escritores "realistas" - nem digo os nomes para não ferir certas e conhecidas idolatrias -, dizendo que não passavam de pastiches bastante atrasados daquilo que se fazia na sua pátria de nascimento: a França. E hoje como estamos? A Agustina já recebeu o Nobel? claro que não...

O Réprobo disse...

Eu não vou tão longe como o Nuno. Eça e Camilo, têm o seu lugar numa literatura que está longe de tão bem servida que não deixe espaço a qualquer dos dois. E considero Eça superior a qualquer Realista Francês, Flaubert incluído, salvo Balzac, que lhe ponho em paridade.
Mas a M. Filomena
Mónica sugere que Ramalho estaria esteticamente mais próximo de Camilo, apesar da amizade de uma vida com Queiroz.
Beijo e abraço

cristina ribeiro disse...

Também eu alinho pelo mesmo diapasão da Ramalhal figura, sem prejuízo de me agradar de ler algum Eça, com bastante deleite;
Encontro neste texto a maior das homenagens a quem usou tão bem a Língua Portuguesa, num registo tão peculiarmente português.
Beijos