Ora bem, sabem o que é que acontece daqui a umas horas? Pois é, Cavaco Silva assina o decreto de ratificação do Tratado de Lisboa.
Finalmente. É que esta coisa do "To referend or not to referend: That is the question!" já cheirava mal. Passo a explicar, assumindo desde já que sou naturalmente contra o referendo ao Tratado de Lisboa. Esta semana assisti a uma conferência sobre o Tratado de Lisboa onde tive oportunidade de apresentar a minha posição, baseando-me em simples assumpções, rapidamente constatadas.
Acusem-me de elitismo ou lá o que seja, mas Vital Moreira tem razão quando disse que praticamente ninguém poderia votar de forma esclarecida, posto que o Tratado é de difícil interpretação, o que se constituiu como o meu primeiro argumento. Se a isto duas estudantes me responderam que deveria haver referendo pela questão do défice democrático e necessária participação e aproximação dos cidadãos ao processo de integração europeu, logo rebati com uma simples questão "Leram o tratado? Eu confesso que não o li, nem tenho a intenção de o fazer", para de seguida, revelar-se que numa sala onde estariam cerca de 100 estudantes, ninguém havia lido o Tratado, pelo que concluí: "Se nós que somos estudantes deste tipo de matérias, não nos prestamos a ler o Tratado, então acham que a maioria da população vai ler? Desta forma, não se iria referendar o Tratado, iríamos assistir a uma campanha contra a União Europeia, posição assumida pela maioria das pessoas que pretende referendar o Tratado".
Ora um tratado internacional padece, por definição, da utilização de uma linguagem ambígua, por vezes demasiado aberta a segundas interpretações, sendo naturalmente complexo do ponto de vista da interpretação. Não me venham dizer que pretenderiam fazer uma campanha que explique à população portuguesa o Tratado de Lisboa, posto que a ninguém interessa explicar tratados trocados por miúdos. Parece que já estou a ver muita gente e certos partidos a aproveitar a deixa para atacar com toda a força a União Europeia, e falar de tudo menos do Tratado de Lisboa, como de resto é apenas humanamente natural que aconteça.
Atenção que não sou a favor ou contra o Tratado (não posso sê-lo, não o li), mas do pouco que sei, parece-me que contribuirá para algumas mudanças importantes nos mecanismos do processo de integração europeu, sendo nesta altura um reforço da nossa identidade europeia comum às diversas nações, algo extremamente importante tendo em consideração o papel desempenhado pela União Europeia na arena internacional, onde se vem assumindo de forma cada vez mais assertiva e verificável como um global player, posição a manter e desenvolver, especialmente nos tempos difíceis que se avizinham.
Quer se goste ou não, os tratados internacionais são matérias do foro das elites no poder (governantes e não governantes). Agora, a nossa inclusão ou exclusão na União Europeia é que já diz respeito a todos. E com isto quero dizer que o facto de o Tratado de Lisboa já prever formalmente a saída de um Estado membro da União, poderá porventura ser um catalisador para uma das maiores discussões que já deveria ter tido lugar em Portugal: Querem os portugueses que Portugal faça, ou não, parte da União Europeia?
Organizem-se, façam petições por referendos, os jornalistas que marcam o agenda setting que tragam o assunto para o centro das preocupações políticas do país, e defina-se de uma vez por todas se queremos ou não fazer parte da União Europeia.
Ah, e já agora, se argumentarem que "Sócrates prometeu", oh meus amigos, não sejamos ingénuos, até parece que a maioria dos bloggers e leitores não leu Maquiavel, ou que pelo menos não sabem que em política só ganha aquele que mente (especialmente nas sociedades católicas, naturalmente tolerantes para com "o pecado"). É o pão nosso de cada dia, infelizmente.
Finalmente. É que esta coisa do "To referend or not to referend: That is the question!" já cheirava mal. Passo a explicar, assumindo desde já que sou naturalmente contra o referendo ao Tratado de Lisboa. Esta semana assisti a uma conferência sobre o Tratado de Lisboa onde tive oportunidade de apresentar a minha posição, baseando-me em simples assumpções, rapidamente constatadas.
Acusem-me de elitismo ou lá o que seja, mas Vital Moreira tem razão quando disse que praticamente ninguém poderia votar de forma esclarecida, posto que o Tratado é de difícil interpretação, o que se constituiu como o meu primeiro argumento. Se a isto duas estudantes me responderam que deveria haver referendo pela questão do défice democrático e necessária participação e aproximação dos cidadãos ao processo de integração europeu, logo rebati com uma simples questão "Leram o tratado? Eu confesso que não o li, nem tenho a intenção de o fazer", para de seguida, revelar-se que numa sala onde estariam cerca de 100 estudantes, ninguém havia lido o Tratado, pelo que concluí: "Se nós que somos estudantes deste tipo de matérias, não nos prestamos a ler o Tratado, então acham que a maioria da população vai ler? Desta forma, não se iria referendar o Tratado, iríamos assistir a uma campanha contra a União Europeia, posição assumida pela maioria das pessoas que pretende referendar o Tratado".
Ora um tratado internacional padece, por definição, da utilização de uma linguagem ambígua, por vezes demasiado aberta a segundas interpretações, sendo naturalmente complexo do ponto de vista da interpretação. Não me venham dizer que pretenderiam fazer uma campanha que explique à população portuguesa o Tratado de Lisboa, posto que a ninguém interessa explicar tratados trocados por miúdos. Parece que já estou a ver muita gente e certos partidos a aproveitar a deixa para atacar com toda a força a União Europeia, e falar de tudo menos do Tratado de Lisboa, como de resto é apenas humanamente natural que aconteça.
Atenção que não sou a favor ou contra o Tratado (não posso sê-lo, não o li), mas do pouco que sei, parece-me que contribuirá para algumas mudanças importantes nos mecanismos do processo de integração europeu, sendo nesta altura um reforço da nossa identidade europeia comum às diversas nações, algo extremamente importante tendo em consideração o papel desempenhado pela União Europeia na arena internacional, onde se vem assumindo de forma cada vez mais assertiva e verificável como um global player, posição a manter e desenvolver, especialmente nos tempos difíceis que se avizinham.
Quer se goste ou não, os tratados internacionais são matérias do foro das elites no poder (governantes e não governantes). Agora, a nossa inclusão ou exclusão na União Europeia é que já diz respeito a todos. E com isto quero dizer que o facto de o Tratado de Lisboa já prever formalmente a saída de um Estado membro da União, poderá porventura ser um catalisador para uma das maiores discussões que já deveria ter tido lugar em Portugal: Querem os portugueses que Portugal faça, ou não, parte da União Europeia?
Organizem-se, façam petições por referendos, os jornalistas que marcam o agenda setting que tragam o assunto para o centro das preocupações políticas do país, e defina-se de uma vez por todas se queremos ou não fazer parte da União Europeia.
Ah, e já agora, se argumentarem que "Sócrates prometeu", oh meus amigos, não sejamos ingénuos, até parece que a maioria dos bloggers e leitores não leu Maquiavel, ou que pelo menos não sabem que em política só ganha aquele que mente (especialmente nas sociedades católicas, naturalmente tolerantes para com "o pecado"). É o pão nosso de cada dia, infelizmente.
4 comentários:
Amén
Pois, Samuel, praticamente ninguém poderia votar de forma esclarecida, é certo; mas duvido mesmo muito que a maioria dos que o votaram por nós estivesse mais esclarecida, E que tal " obrigar" os senhores que o redigiram a fazer uma coisa compreensível: essa é a função dos senhores constituintes- sim, porque vários são os especialistas a dizer que aquilo tem muito da Constituição antes rejeitada... Isto equivaleu a passar-lhes um cheque em branco.Assim não.Mas parece que é mesmo um "assim sim":
Não temos alternativa. Foi o beco sem saída a que o regime nos conduziu. A menos que descubram petróleo, muito petróleo...
Obrigado Joana :p)
Cristina mas não interessa redigir tratados de forma compreensível à maioria das comuns, por vezes nem aos próprios estadistas, que assim se excusam a cumprir determinadas prerrogativas. Quanto aos senhores deputados que votaram o tratado, concordo, a maioria nem deve ter lido mais do que simples excertos, mas assim vai a democracia, a ditadura da maioria.
Pois Nuno, de facto, ao termos substituído o vector africanista e atlantista da nossa política externa, pelo europeísta, estamos lentamente a acabar num beco de saída, sem dúvida...
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