A rainha D. Amélia de Orleães teve um papel decisivo nos meses que se seguiram ao assassinato de D. Carlos I e do Príncipe Real Luís Filipe. Influenciou o novo rei D. Manuel II, procurando organizar o chamado governo da "Acalmação". Hoje parece consensual reconhecer ter-se tratado de uma opção funesta, porque para todos se tornou óbvio que a negação da política de regeneração prosseguida por D. Carlos e pelo Presidente do Conselho João Franco, pressupunha uma capitulação diante das minoritárias mas activas forças republicanas. A ausência de sólidos defensores do trono e das instituições constitucionais, impeliu a soberana para uma tentativa conciliatória, que afinal acicatou o ânimo subversivo dos autores morais e materiais do regicídio.
Mulher de elevada estatura moral e intelectual, D. Amélia foi pioneira em Portugal, incentivando a criação de instituições científicas, criando e protegendo museus e agindo de forma persistente no campo da assistência social. Mulher muito avançada para o seu tempo, apenas podemos imaginar o papel fundamental que teria desempenhado na modernização do país. O regicídio e o injusto exílio, goraram as expectativas. Regressando a Portugal em 1945, viu-se recompensada pelas multidões que a ovacionaram durante toda a visita ao país que deixara há 35 anos. O seu funeral foi o mais imponente e participado de que há memória, sendo hoje considerada esta grande rainha, como uma excepcional e exemplar figura da nossa história.
*Retrato de Corcus, em exposição no Museu dos Coches, em Lisboa. Mulher muito alta (1.84 m), bela e imponentemente majestosa, D. Amélia surge como perfeito exemplar de elegância feminina da belle époque.
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