sábado, 5 de abril de 2008

Barbaridades

Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, em entrevista ao Expresso:

A matriz ideológica do PS mantém-se intacta ou houve uma evolução?
Matrizes intactas são matrizes mortas. Aquilo que não mexe, que não se adapta, que não se reformula ou renova, está condenado à fossilização. Até as estrelas se movem! Não julgo que seja possível que os contornos das opções ideológicas e doutrinárias das forças políticas não evoluam. Relativamente aos factores essenciais de caracterização do socialismo democrático, em Portugal representado pelo PS - liberdade, igualdade, justiça social, papel do Estado como factor decisivo para garantia daqueles valores - permanecem decisivos, são o código genético do PS.

Pondo de parte a pergunta abjecta, posto que a ideologia dos partidos do centrão, seja aqui seja onde for, é a ideologia do marketing e da governance, pois então o PS é que representa em Portugal a liberdade, a igualdade, a justiça social. Pois, mais ninguém mesmo, e as pessoas ainda se deixam levar nesta lengalenga. Depois queixem-se que os socialistas se arroguem de ser os donos da liberdade de Portugal, os grandes combatentes pela liberdade e os direitos sociais, assim legitimando as suas acções em toda a linha. É assim que se atravessa a ténue linha do ilusório pluralismo para a ditadura ideológica.

Continua a acreditar no modelo europeu de Estado Social?
Há poucas realidades que se tenham mantido tão socialmente eficazes como o Estado Social europeu. Nenhum outro modelo, em nenhuma parte do mundo, tem tal capacidade de reequilíbrio social face a dificuldades de evolução histórica. Mas também não pode ser entendido como algo de estático. Valorizo uma dimensão de mudança. O nosso modelo social europeu, nuns países mais eficaz do que em Portugal, noutros menos, foi construído com base numa lógica de intervenção dos poderes públicos que era profundamente niveladora, com direitos sociais universais e idênticos para todos. O que a realidade dos tempos nos vem mostrando é que a forma de concretizar esses direitos universais tem de ser corrigida no sentido da diferenciação positiva, de uma intervenção mais forte juntos dos segmentos mais fracos da população. É uma correcção porque exige menos recursos à sociedade e dirige-os para onde eles são mais eficazes

Pois de facto há poucas realidades que se tenham mantido tão socialmente eficazes como o Estado Social europeu. Só que onde o modelo funciona efectivamente, ao invés de pensarem em valorizar a intervenção do Estado, demonstram uma combinação mista, herdeira da teoria keynesiana quanto aos sectores chave (educação, saúde, justiça, onde tem de haver mais Estado, ao contrário do que se vem fazendo em Portugal), e da teoria liberal, originária de Adam Smith, valorizando o papel do mercado nos restantes sectores da sociedade, novamente, ao contrário do que se vem fazendo em Portugal (basta atentar na assoberbada intervenção do Estado na Banca, e na quantidade de privados que andam de mãos dadas com o Estado para que possam enriquecer).

Um comentário:

Anônimo disse...

lucido