sábado, 26 de abril de 2008

Quando pela primeira vez fui turista no Estrangeiro

Acabara a Quarta Classe da Escola Primária, quando, nas férias grandes, o meu pai nos meteu- a mim e aos meus quatro irmãos mais velhos, todos rapazes, - num velhinho Vauxhall Victor, e fomos, um bocado sem destino, apenas com a ideia de ir até França. Levávamos uma tenda connosco, provisões, e os utensílios necessários para prepararmos as nossas refeições. Uma grande aventura.
Foi um grande périplo, que nos levou até a Normandia, vale do Loire, e Paris.
Da Normandia lembro bem, além do Mont Saint Michel, o termos visitado o Museu do Desembarque Aliado; recordo ter visto, projectado num grande ecrã, o lançamento de centenas de pára-quedistas, e a reconstituição , em maquete, do desembarque dos tanques. Foi nessa altura que pela primeira vez ouvi falar no soldado Milhões, não sei bem porquê, pois que aquele é um museu dedicado à Segunda Guerra: mas o meu pai aproveitava sempre para fazer associações históricas...
Do Vale do Loire lembro, claro, os castelos que pareciam ter saído direitinhos de um conto de fadas, e de Paris lembro todos aqueles museus e monumentos. Recordo Versailles, o Palácio e os jardins fabulosos.
Já lá voltei várias vezes, mas esta imagem é a que permaneceu, indelével...

11 comentários:

Anônimo disse...

....bolas, seis num Vauxhall Viva !
E esse bólide não era grande espingarda, nem em espaço interior....nem em mecânica. É curioso como "dantes", se faziam as coisas mais lentamente, com menos comodidade e menos segurança...mas fazia-se, e ninguém dava por falta do telemóvel. Outros tempos.....muitas recordações.


JA

cristina ribeiro disse...

E, JA, aquando da passagem por San Sebastian, como não tivéssemos encontrado lugar para acampar, tentámos dormir no carro: claro que só o meu pai e o irmão que ia no lugar da frente, conseguiram dormir bem- os outros, depois de um primeiro sono, andámos a passear, a fazer horas até que o condutor acordasse :)

O Réprobo disse...

O Pai da Cristina estava certo, pois qualquer pretexto é bom para ligar a bravura dos combatentes de todas as idades.
Que luxo, um campismo cultural com Tal Guia!
Beijo

cristina ribeiro disse...

Foi uma viagem que nunca mais vou esquecer. Ainda hoje me lembro de pormenores curiosos, como aquele em que, tendo nós precisão de água, o meu pai mandou, com uma vasilha, a mim e ao meu irmão que acabara o primeiro ano do Preparatório, pedir água a uma gasolineira próxima, e,chegados lá, ele se limitou a estender a vasilha, dizendo: "de l'eau"; os funcionários riram-se, mas deram-nos a água :)
Beijo

Anônimo disse...

Coitado do Milhões, que serviu de emplastro para a maior derrota da nossa história, apenas para saciar os apetites dos atrasados mentais republicanos.

Anônimo disse...

Olhe lá Cristina que tenho as minhas dúvidas que os do banco da frente tivessem "dormido bem".....talvez, dormido melhor.
Curioso....mas não são as viagens (férias) de infância com os nossos pais, que nos deixam as maiores recordações/saudades ???

JA

cristina ribeiro disse...

Pois, caro anónimo, como li há tempos, respigado de um jornal: "para a Pátria de então, o soldado Milhões valia cinco(ou dez? ) tostões".


Terá razão, JA, talvez só tenha sido "melhor" :)
Para mim essa viagem foi-o; não me lembro dos incómodos que devem ter havido, claro. E acho que todos nós aproveitámos. Foi muito enriquecedora...

Anônimo disse...

Êta viagem boa, Cristina...
Essas viagens são as melhores, eu sei. E marcam-nos para sempre. Ea região visitada, que conheço razoavelmente, foi escolhida a dedo...

cristina ribeiro disse...

Se foi, Mike. É como digo: fiz mais tarde viagens com o mesmo destino, em condições mais confortáveis, mas nunca tiveram o mesmo gosto...

Luísa A. disse...

A minha primeira viagem ao estrangeiro também foi a Paris, Cristina, com os meus pais e irmãos. Teria, talvez, uns onze ou doze anos. A cultura francesa era ainda dominante nessa altura e Paris, um «must». A segunda foi a Londres, pouco tempo depois. Uma escolha relativamente estranha, porque o meu Pai tinha pouquíssima atracção pela cultura anglo-saxónica, e nenhuma pela onda «hippie» com que Londres estava então muito conotada. Voltei a ambas as cidades várias vezes, em diversas circunstâncias, nomeadamente profissionais. Mas há imagens dessas duas primeiras visitas a que nada conseguiu nunca sobrepor-se.

cristina ribeiro disse...

Talvez, Luísa, por terem acontecido numa altura em que a nossa curiosidade estava faminta de tudo ver e conhecer.