quarta-feira, 23 de abril de 2008

Lisboa arruinada (29) O terreno da Feira Popular

Em Entrecampos, o enorme terreno onde outrora se ergueu a Feira Popular, encontra-se limpo de ruínas e aguarda por novas construções. A cidade de Lisboa tem sido privada de espaços de lazer e a Feira Popular foi um grande polo de atracção durante décadas, onde gerações se divertiram no luna park disponível, comemorando aniversários ou participando em patuscadas nos Santos Populares. É um apetecível espaço para o sector betoneiro que domina o país e é com preocupação que os lisboetas imaginam o uso a que está destinado. Será decerto mais um colosso a perder de vista e sem qualquer interesse para a população, com volumetrias disparatadas, alumínios e placas em pedra polida ao gosto de qualquer WC de hotel de Tegucigalpa. Nada de novo.
Lisboa precisa urgentemente de espaços lúdicos adaptados às novas necessidades de uma juventude adepta de novos desportos e formas de lazer. Este terreno seria ideal para a construção de um prolongamento do jardim do Campo Grande, estendendo a malha verde em direcção ao renovado Campo Pequeno e incluindo pistas para ciclistas, skatters e patinadores.
Argumentarão com os compromissos tomados. Gesticularão com a ameaça de indemnizações, processos em tribunais nacionais e europeus. O interesse da comunidade está muito acima dos jogos da especulação e seria curioso verificar até onde pode ir a cumplicidade entre as diversas forças políticas dominantes na Câmara e as empresas investidoras interessadas ou "proprietárias" do espaço. Como disse anteriormente, nacionalizações ou expropriações "Por Bem" não amedrontam seja quem for. Ficamos à espera de um projecto do arq. Ribeiro Telles.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não me parece que o arquitecto Ribeiro Telles "pape" grupos ou alinhe em projectos de contornos obscuros. A sua reputação está acima disso. Por isso vamos todos ficar à espera... de mais uma Lisboada, para não chamar Câmarada.

Freire de Andrade disse...

Embora nos últimos anos a Feira Popular tivesse decaído muito, continuava a ser um espaço de brincadeira e de patuscadas populares que faz falta em Lisboa. Felizmente tive tempo de levar a minha neta a visitar a Feira no último ano de existência, onde ela se divertiu à grande na casa dos espelhos, saltou na cama elástica e se deliciou com algodão doce. Mas sempre pensei que em poucos anos uma nova Feira reabriria noutro local. O longo impasse, mais o drama dos feirantes, é um sinal da incompetência dos nossos governantes.

Nuno Castelo-Branco disse...

Pois, meus amigos, este é o tempo em que o reles dinheiro tudo afoga. O arq. Telles foi o autor do jardim Amália e apenas posso imaginar o lindo parque em que ele transformaria este espaço.