quarta-feira, 11 de junho de 2008

A respeito da tal gaffe do "Dia da Raça"

(imagem tirada daqui)

Sem dúvida que, como diz o líder do PNR, só numa sociedade dominada pela ditadura cultural da esquerda e do politicamente correcto é que tanta gente fica alegadamente chocada com tal gaffe. E antes que venham desacreditar o mensageiro e pouco se preocupem com a mensagem, tal como parece ser o mote dos que tanto gostam de combater fogo com fogo (tal como fizeram uns tais de Buíça e Costa, entre tantos outros alegados republicanos...), numa espécie de ânsia pela imposição de um pensamento único em conjunto com uma certa intolerância e terminologia pouco polida, há muitos mais que dizem e pensam o mesmo, pelo que deixo aqui umas breves passagens do prefácio de Jaime Nogueira Pinto a um livro de Alain de Benoist (talvez um dos tais de certa direita triste...?) Comunismo e Nazismo - 25 Reflexões sobre o totalitarismo no século XX (1917-1989):

"A hegemonia, ou o quase monopólio cultural da esquerda, na segunda metade deste século (...) assentou em vários factores (...) que vão da cumplicidade e solidariedade corporativas da "República das Letras" até ao papel de enquadramento ideológico e de relativo prestígio social que os modelos socialistas burocráticos atribuíram aos "intelectuais orgânicos"."

"Mas não se percebe a hegemonia e ditadura intelectual das esquerdas sem uma retrospectiva histórica das raízes do "totalitarismo" contemporâneo; isto sem esquecer, como demonstrou Talmon, que ele já tinha aparecido, na Revolução Francesa na Convenção e no Terror, consagrando a "democracia totalitária"."


"Por outro lado, a hipocrisia e amálgama funcionaram: os mesmíssimos literatos que absolveram o comunismo dos "crimes do comunismo" numa casuística de habilidade dialéctica, estão prontos a fazer a amálgama hitlerismo - fascismo italiano - Franco - Salazar - direitas - capitalismo em geral!"

"Assim em relação a um fascismo que nunca existiu, coloca-se o paradoxo da trave mestra do actual regime ser o anti-fascismo ideológico. Esta categoria é essencial para compreender a História política e a problemática da legitimidade do regime português: como nunca na chamada "direita" partidária, isto é, na não esquerda, tal questão foi substancialmente posta e se assistiu a exercícios por parte de personalidades e menos personalidades de apresentarem e manifestarem os seus créditos antifascistas, os comunistas e a extrema-esquerda guardaram uma importância muito maior, por um quarto de século, da que realmente tiveram, ou deviam ter e têm num país que contribuíram significativamente para empobrecer, num tempo em que tudo aquilo em que basearam a sua credibilidade está morto e enterrado. E isto porque contra toda a lógica e toda a racionalidade, a técnica da amálgama, bem servida pela demagogia de uns poucos e pela ignorância ciclópica de quase todos alimentada mediaticamente funcionou: a amálgama é Holocausto = Nazismo = Fascismo = Salazarismo = Nacionalismo = Direita ou lido ao contrário Direita = Nacionalismo, etc., etc."

Já agora, para quem queira ficar a saber um pouco mais sobre o conceito de raça, vale bem a pena ler este post do Professor Maltez, está lá tudo.

E a respeito da demagogia do BE (e também do PCP) ler este post do Nuno Miguel Guedes.

E por último, sabiam que no país dos nossos irmãos, bem mais dominado culturalmente pela esquerda, e bem mais multiracial, e também em Espanha e na américa de língua espanhola, se comemora o Dia da Raça? Enfim...é a "democracia" estúpido!

11 comentários:

Pedro Fontela disse...

Não me digam que o PNR é o farol moral de alguém? lolol

ps: só quem não conhece as preferência políticas de Jaime Pinto pode pensar que os seus "estudos" são algo mais que uma apologia deslavada da "outra senhora"...

Nuno Castelo-Branco disse...

Em Dezembro de 1941, quando o Estaline tinha os fundilhos a arder, fartou-se de debitar discursos apelando à mãezinha Rússia - até de Santa lhe chamou - e galvanizou aqueles milhões de soldados que eram tratados pelo PC como carne para canhão, apelando ao orgulho da RAÇA ESLAVA! No entanto, Samuel, raça quer dizer isso mesmo e duvido muito que se possa aplicar fora de certo contexto por demais conhecido de todos. E a contradição torna-se mesmo incómoda para o próprio Estado Novo, pois na escola falavam sempre do Minho a TImor. Como é que é?

Anônimo disse...

Oh Samuel, entendo exactamente o que quer dizer. Quanto ao que o Nuno disse, espero que o meu lindo ex-colega da faculdade entenda que o prof. Aníbal Cavaco Silva referia-se concerteza à própria raça dele, do Nuno que era um miúdo cheio de raça, corajoso e bom em todos os sentidos. Não acredito em raças como os pnr dizem porque até sou casada com outro ex-colega que é japonês, ou melhor, era, porque mais português do que ele é impossível de encontrar. É este género de raça em que acredito e que é a força, energia e fazer coisas para o bem de todos.
Nuno, encontrei a semana passada a Cristina Oliveira de História que me disse ter estado contigo no bairro alto no verão passado. Pelo que ouvi dizer, continuas o mesmo celta de sempre.
Agora que já tenho computador, venho cá visitar estes bloggers mais vezes e beijinhos
Isabel Moreira

PS. Nuno, dá-me o teu telefone ou o e/mail.

MFerrer disse...

Pois, mas é preciso denunciar este golpe contra a democracia, em curso:
Para além de tudo o resto o País está refém de uns grupelhos de camionistas e de proprietários de camions.
As principais cidades já estão em estado de sítio, os combustíveis já estão a faltar até nos Aeroportos, amanhã os produtores de leite vão ter de o deitar fora.
Os partidos da oposição estão de tocaia, à espera que o PS ceda a uma de duas hipóteses:
Ou entrega os pontos aos grevistas e rebenta o OGE, ou reprime os grevistas com a polícia e rebenta por si próprio!
Digamos que o País também está refém desta oposição com comportamento de hienas
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com

Nuno Castelo-Branco disse...

Vamos por partes:
1. Isabel Moreira: como sempre, exageras. Quanto ao celta, essa ainda não tinha escutado. O meu e-mail está no profile e o tel. no site.
2. M Ferrer. De acordo. Parece-me um golpe de mão e desde já manifesto estranheza por obrigarem os animais a passar fome, ao mesmo tempo que evitam o abastecimento de bens de necessidade. É uma prenda que dão ao governo, pois será o primeiro a aproveitar-se da situação que causou.
Remédio? Intervenham junto das petrolíferas, iniciem um rápido e eficaz programa de energias renováveis, estabeleçam uma verdadeira e eficaz fiscalização sobre GALPS, SHELLS, REPSOLS ou BPS.
Aos senhores do boicote e barricadas: boicotem a venda dos produtos petrolíferos, deixando abastecer apenas os veículos de abastecimento de mercadorias. será mais eficaz e decente, porque na verdade a situação é insolúvel. Se cortarem no imposto sobre produtos petrolíferos, o buraco vai surgir onde dói mais.

Carlos Veiga disse...

O que é verdadeiramente lamentavel é o facto do representante máximo da nação não comentar o que realmente deveria, ou seja, os problemas que o país atravessa. Lapso? Tanta contenção nos comentários e depois sai-se com o "dia da raça". Foi infeliz o comentário, por razões histórias, óbvio! Mas mesmo impróprio até do ponto de vista cultural! Sim, do ponto de vista cultural... porque umas aulas de Antropologia ao senhor presidente, a propósito do conceito de raça fosse pertinente!
E muito me espanta ... como muitos monárquicos defendem o senhor presidente da Republica!!!

Nuno Castelo-Branco disse...

Desculpe-me Carlos Veiga, mas não me viu defender o venerando de forma alguma. Quanto a dar-lhe aulas de antropologia, desista! Ele próprio e a consorte que só diz disparates são um bom tema de discussão, lol!

Carlos Veiga disse...

De facto tem razão...Tenho de concordar consigo quando me diz que os senhores dariam um bom tema de discussão... LOlll agora teve piada Nuno Castelo-Branco!

Samuel de Paiva Pires disse...

Pedro o PNR é moralmente uma espinha encravada num regime que se declara apologista da liberdade de expressão mas proíbe constitucionalmente que se constituam partidos de índole fascista, e não venham dizer que é pela luta anti-fascista porque fascismo é coisa que nunca existiu em Portugal.

As preferências políticas de cada qual não interferem necessariamente com os seus interesses e trabalhos académicos, e bastava a muita gente ter Jaime Nogueira Pinto como professor para entender que uma coisa é o que se diz e faz para fora, outra coisa é o que diz e faz na academia, como aliás muitos dos académicos da nossa praça dizem.

É por isso que não me nego a ler ou ouvir seja quem for, independentemente da orientação política, ao contrário do que acontece com muita gente...

Quanto ao conceito de raça, tal como indiquei, o post do professor Maltez resume bem o principal que há a reter em termos académicos sobre a noção e conceito de raça em termos antropológicos.

Ah e já agora, obviamente não sou do PNR nem apoio tais forças políticas...Simplesmente vou retirando aqui e ali, à esquerda e à direita, (ok mais à direita claro :p) argumentos que me parecem interessantes de discutir.

Pedro Fontela disse...

Samuel,

O PNR está a um passo de ser encerrado pelas suas ligações pouco claras, e espero que esteja para breve - a liberdade de regime não inclui aqueles que a negam a outros. O existir um regime fascista ou não em Portugal é uma questão de malabarismo académico, também eu os sei fazer. Se eu definir a fascismo de forma absolutamente estrita posso dizer que só existiu em Itália o que seria pateticamente limitador em termos de politica real.

Absolutamente que as preferências politicas de x, só por si mesmas, não invalidam o seu trabalho académico! Mas conheço as interpretações do dito senhor e não concordo com as voltas que ele dá ao texto para vender a opinião dele.

Fazemos bem em discutir tudo Samuel, aliás se o meio académico não for livre de o fazer estamos numa situação muito perigosa mas a distinção essencial a meu ver é a aplicação de certos conceitos à política real - dou um exemplo, apesar de poder discutir em grande detalhe modelos ditatoriais sou absolutamente contra a legalidade de qualquer partido que tenha como base teórica o totalitarismo - daí que seja completamente averso ao PC e ao PNR, com as devidas diferenças.

Samuel de Paiva Pires disse...

Concordo plenamente Pedro, relativamente ao PNR, e à existência de partidos totalitários. A democracia não pressupõe tais movimentos, e como tal são inadmissíveis.

Agora quanto à definição de fascismo, e seja lá de que conceitos forem, em nome do rigor prefiro cingir-me à academia e à Ciência Política e não à política real que frequentemente incorre em crassos erros conceptuais. Nós, intelectuais e aspirantes a tal, não podemos, ou não devemos estar ao mesmo nível de tais incorrecções.

Quanto às voltas que cada um dá, devo dizer, conheço parte da obra e além disso é um dos melhores professores que já tive o prazer de ter nestes 3 anos de licenciatura, opinião partilhada também pela minha turma, onde a direita constitui uma pequeníssima minoria. E lá está, uma coisa é a política real que fazemos cá fora, outra coisa é o que se fala dentro da academia...