A situação na África Austral agrava-se cada vez mais, com muitos milhares de pessoas a fugir de ataques bárbaros, que já mataram e feriram gravemente muitas outras.
Goste-se, ou não, disso, a causa de toda esta desgraça está no descalabro político e económico em que mergulhou o Zimbabué nos últimos 8 anos. E que atingiu o seu ponto mais horrivelmente alto neste período que se seguiu à primeira volta das eleições.
E, para que as coisas tenham atingido este ponto, contribuiu fortemente um fenómeno a que se tem designado por “diplomacia silenciosa”.
Há muitos e longos anos que essa peça de teatro mudo se desenrola à nossa frente, sem quaisquer resultados positivos a registar e, pelo contrário, com a lista dos negativos a crescer de dia para dia.
E, espantosamente, com os principais autores e actores da nossa cena internacional regional a dizerem que aquela política continua a ser a mais indicada.
Ainda recentemente o nosso Chefe de Estado dizia a jornalistas que a diplomacia necessária neste caso não era a do trombone.
Pois eu lamento dizer mas creio que, neste momento, a diplomacia de que a região está a precisar é mesmo a do trombone. E, se lhe pudermos acrescentar também as trombetas e outros instrumentos bem sonoros, tanto melhor.
Porque em Harare o governo ilegal é dirigido por alguém que, com a idade, parece ter ficado completamente surdo. E, se não foi a idade, foi resultado daquele velho provérbio que diz que o pior surdo é aquele que não quer ouvir.
Ora, no estado a que as coisas chegaram, parece-me óbvio que os dirigentes da região têm que obrigar Robert Mugabe a ouvir algumas coisas, quer ele as queira ouvir, quer não.
E uma dessas coisas é que ele tem que aceitar observadores às eleições de toda a parte do mundo e não apenas dos países da região.
É preciso dizer-lhe, sem margem para dúvidas, que os resultados eleitorais não serão aceites se não forem validados por observadores credíveis.
E é bom termos consciência de que, ao fazer isso, estamos a zelar não apenas pelos direitos dos zimbabueanos mas, igualmente, pelos de todos os povos da região.
Aceitar mais 5 anos de desgoverno de Robert Mugabe é abrirmos a porta para uma crise sem precedentes em toda a SADC.
É o que estamos a assistir na África do Sul a crescer e multiplicar-se por todos os outros países com fronteira com o Zimbabué. Entre os quais o nosso em posição de destaque.
É, muito provavelmente, o fim do sonho do Mundial de Futebol na África do Sul. E o deitar para o esgoto de todos os enormes investumentos que estão a ser feitos para o acolher.
Não só em 2010 mas durante muitos dos anos seguintes, até a África conseguir refazer o seu bom nome.
Neste momento, na minha modesta opinião, o que há a ser feito é travar, de forma eficaz, os distúrbios na África do Sul e, em seguida, conseguir uma mudança completa em Harare, que permita o retomar da economia zimbabueana, abrindo o caminho para que os milhões de zimbabueanos, que atravessaram as fronteiras, regressem ao seu país.
E, para isso, volto a dizer, já não bastam os murmúrios educados de Thabo Mbeki.
São necessárias as tais trombetas.
Se necessário, tocando mesmo alguma marcha militar, como tem sugerido o arcebispo Desmund Tutu.
File: Trombetas Precisam-se
Escrito a 25 de Maio de 2008
Goste-se, ou não, disso, a causa de toda esta desgraça está no descalabro político e económico em que mergulhou o Zimbabué nos últimos 8 anos. E que atingiu o seu ponto mais horrivelmente alto neste período que se seguiu à primeira volta das eleições.
E, para que as coisas tenham atingido este ponto, contribuiu fortemente um fenómeno a que se tem designado por “diplomacia silenciosa”.
Há muitos e longos anos que essa peça de teatro mudo se desenrola à nossa frente, sem quaisquer resultados positivos a registar e, pelo contrário, com a lista dos negativos a crescer de dia para dia.
E, espantosamente, com os principais autores e actores da nossa cena internacional regional a dizerem que aquela política continua a ser a mais indicada.
Ainda recentemente o nosso Chefe de Estado dizia a jornalistas que a diplomacia necessária neste caso não era a do trombone.
Pois eu lamento dizer mas creio que, neste momento, a diplomacia de que a região está a precisar é mesmo a do trombone. E, se lhe pudermos acrescentar também as trombetas e outros instrumentos bem sonoros, tanto melhor.
Porque em Harare o governo ilegal é dirigido por alguém que, com a idade, parece ter ficado completamente surdo. E, se não foi a idade, foi resultado daquele velho provérbio que diz que o pior surdo é aquele que não quer ouvir.
Ora, no estado a que as coisas chegaram, parece-me óbvio que os dirigentes da região têm que obrigar Robert Mugabe a ouvir algumas coisas, quer ele as queira ouvir, quer não.
E uma dessas coisas é que ele tem que aceitar observadores às eleições de toda a parte do mundo e não apenas dos países da região.
É preciso dizer-lhe, sem margem para dúvidas, que os resultados eleitorais não serão aceites se não forem validados por observadores credíveis.
E é bom termos consciência de que, ao fazer isso, estamos a zelar não apenas pelos direitos dos zimbabueanos mas, igualmente, pelos de todos os povos da região.
Aceitar mais 5 anos de desgoverno de Robert Mugabe é abrirmos a porta para uma crise sem precedentes em toda a SADC.
É o que estamos a assistir na África do Sul a crescer e multiplicar-se por todos os outros países com fronteira com o Zimbabué. Entre os quais o nosso em posição de destaque.
É, muito provavelmente, o fim do sonho do Mundial de Futebol na África do Sul. E o deitar para o esgoto de todos os enormes investumentos que estão a ser feitos para o acolher.
Não só em 2010 mas durante muitos dos anos seguintes, até a África conseguir refazer o seu bom nome.
Neste momento, na minha modesta opinião, o que há a ser feito é travar, de forma eficaz, os distúrbios na África do Sul e, em seguida, conseguir uma mudança completa em Harare, que permita o retomar da economia zimbabueana, abrindo o caminho para que os milhões de zimbabueanos, que atravessaram as fronteiras, regressem ao seu país.
E, para isso, volto a dizer, já não bastam os murmúrios educados de Thabo Mbeki.
São necessárias as tais trombetas.
Se necessário, tocando mesmo alguma marcha militar, como tem sugerido o arcebispo Desmund Tutu.
File: Trombetas Precisam-se
Escrito a 25 de Maio de 2008
2 comentários:
E ninguém, com poder para isso, apaga este fogo num continente de terra cada vez mais queimada...
Eu toco se for chamado à orquestra.
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