No desfile da Vitória (1918), na tribuna de honra: Jorge V, a rainha Mary e o príncipe de Gales, acompanhados por D. Manuel II e pela rainha Augusta Vitória* A foto fala por si e demonstra bem o fraco conceito em que era tido o regime que vigorava em Portugal. Desta forma, o contingente português baixa o estandarte diante do rei exilado que durante a I Guerra Mundial desempenhou um relevante papel no auxílio aos abandonados soldados nacionais, prestando igualmente valiosos e leais serviços ao país junto das autoridades aliadas. Eram conhecidas as intrigas e maledicências que caracterizavam os representantes diplomáticos de Lisboa em Paris, Londres e outras capitais, onde pavoneavam fátuas vaidades e estendiam as rivalidades e ódios pessoais ao desempenho das suas funções. O aliado inglês deu esta resposta (clique na imagem).
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Foto com História: a parada da Vitória (Londres, 1918)
* Onde andaria o sr. Teixeira Gomes?
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8 comentários:
Oh Velha amiga Albion. Sempre connosco quando mais precisamos.
A visitar orfanatos.
Luís Bonifácio,
Não é bem assim e os soldados portugueses que o digam, existem muitos testemunhos. A cruz vermelha britânica contou com ele e às suas custas montou um hospital para os feridos de guerra portugueses. A mesquinhez da pandilha Costa, Bernardino, Almeida, etc, fez o que tinha a fazer e assim, à entrada, lá estava uma placa que dizia:"De um português de Londres". É claro que quem dele beneficiava sabia perfeitamente quem era o "português de Londres". Mais, sempre que Afonso XIII tentou as usuais manobras contra Portugal, D. Manuel avisou o inefável sr. Teixeira Gomes, distraindo-o assim das suas cházadas e canastas da alta sociedade, podendo assim informar Lisboa de tudo o que se passava. E ainda muitas outras informações e "cunhas" para que o exército português fosse devidamente assistido, já que aquela gente que mandava em Lisboa, deixou o CEP na mais miserável das situações. Dê uma vista de olhos nos diários do Chagas - outro inútil bon vivant - e veja bem para que servia o CEP: apenas para inglês ver e legitimar certa e conhecida situação.
*Nota final: sempre quero ver o que os generosos senhores Soares, Sampaios e Cavacos deixarão em testamento ao país.. Talvez umas fundações que beneficiarão decerto de dinheiros públicos? :P
Ah, Luís, a menos que se tenha referido ao Teixeira Gomes. Nesse caso, desculpe-me a indelicadeza :)
A república atribuíu ao CEP outra função: a de ser o destino de oficiais de republicanismo duvidoso, sabendo-se o matadouro que era. O CEP tinha o mínimo de meios e de apoio (nomeadamente logístico) porque era carne para canhão. Apesar disso conseguiram travar os alemães em La Lys, com perdas terríveis.
Onde a república era suposto cobrir-se de glória era em África, na defesa do Império. E foi onde tudo correu mal.
O que queria, João? Cinco anos de saneamentos, abandalhamento da disciplina, desprestígio do oficialato que enxameava S. bento e plena consciência de que se tratava de mera politiquisse. Os Diários do Chagas (o meu próximo alvo), são eloquentes. Queria a guerra a todo o custo, provocando os alemães e tudo isto, para se pavonear em Paris, espreitando os decotes das senhores, entrando em delíquios para ser convidado para as habituais patuscadas parisienses, e claro, beijando sofregamente as mãozinhas de princesas e condessas. Pior ainda, foi o ter participado em todo o tipo de insinuações e infâmias relativas aos depostos Bragança. A memória deles ficou e reabilitada. A "deles", enfim, ainda está nas ruas da amargura.
Concretamente, a prestação portuguesa foi um dos maiores desastres militares da nossa História. Em Angola foi o que foi e em Moçambique - já a minha família lá vivia - a situação ainda era pior, com o Von Lettow-Vorbeck a chacinar as nossas tropas, saqueando depósitos e fazendo o que bem lhe apeteceu.
E sabe o que é mais irónico? É que a única arma bem equipada era a artilharia, o famoso 75mm comprado aos magotes pela "ominosa monarchia" de D. Carlos. Foi com esses canhões, nos quais ainda hoje podemos ver o C.I entrelaçado, que Portugal se bateu. O resto, é o que se sabe...
Caro Nuno, eu sei isso muito bem. O meu bisavô cumpriu duas comissões em Moçambique (1914-15 e 1917-18). O governo queria fazer bonita figura em África, pensando que eram favas contadas contra uma tropa alemã cercada por mar e por terra.
O que mais importava nos oficiais era se eram de confiança política da república (como era o meu bisavô) e se conseguiam manter a disciplina nas tropas (idem) para evitar restaurações da Monarquia em África. Os que tinham mais do que isso, ou seja, que de facto eram oficiais militarmente bem formados e com provas de competência foram mandados logo em 1914, para recolher ensinamentos, porque praticamente todos os oficiais com experiência da guerra de 1895 eram monárquicos e estavam no exílio. Infelizmente os comandantes mandados de Lisboa eram acima de tudo políticos fardados, que recusavam dar ouvidos às recomendações dos subalternos com experiência para que a sua autoridade não fosse questionada. Além do mais, o general Sousa Rosa (no comando em 1917-18) estava comprado pelos alemães. No rescaldo da ofensiva alemã, o meu bisavô e os seus oficiais, para além dos comandantes de outros batalhões denunciaram isso mesmo a Lisboa. Foram todos presos (isto em plena guerra) e o meu bisavô esteve seis meses na prisão militar de Lourenço Marques, onde só estava autorizado a comer capim (logo ele que não era uma pessoa nada saudável). Foi autênticamente deixado para morrer.
No terreno, na maior parte do tempo as tropas estavam abandonadas à sua sorte, a informação não circulava.
Em Negomano, o meu bisavô foi avisado que o grosso do Exército Alemão vinha na sua direcção (4500 homens comandados pelo próprio Von Lettow Vorbeck) com apenas algumas horas de aviso e apenas por que o destacamento de reconhecimento que mandou atravessar o Rovuma e penetrar em território alemão encontrou um oficial inglês, um dos poucos sobreviventes de todo um regimento de cavalaria inglesa que tinha sido aniquilado na véspera. De Porto Amélia (onde estava o comando das operações) não deram o mínimo aviso. Ele comandava a chamada Coluna Quaresma (um batalhão reforçado, cerca de 800 homens) que se preparava para atravessar o Rovuma para atacar os alemães pelo flanco. Numa posição não-preparada, em grande inferioridade numérica contra tropas já com três anos de experiência de combate, sofre um ataque esmagador. Mas ainda conseguiu mandar avisar a coluna de Viriato Lacerda que, devidamente entrincheirada na Serra Mecula, dias mais tarde resistiu heroicamente aos alemães.
Quanto ao tratamento dado pelos alemães, no caso do meu bisavô, ele e os seus homens foram tratados de forma civilizada. No acordo de cavalheiros que precedeu a libertação, em que os oficiais portugueses se comprometiam em não voltar a combater a Alemanha, Von Lettow-Vorbek abriu uma excepção para o meu bisavô, como reconhecimento da sua bravura em Negomano, concedendo-lhe que ele pudesse voltar a combater a Alemanha fora de África. Note-se na diferença de tratamento entre o inimigo e o comando português.
A nossa infantaria estava bem armada, ainda que ao longo do tempo fosse recebendo armamento diferente do que já tinha (e com uma confusão de calibres diferentes). Foram usadas desde Martini-Henry e Castro-Guedes de tiro-único e Kropatschek remanescentes da guerra de 95, até Mannlicher, Mauser G98, Vergueiro 1904, Lee-Enfield e até carabinas Winchester (americanas).
Os alemães e os sul-africanos gostavam bastante das nossas Vergueiro (capturadas, abandonadas..), e usaram-nas muito.
Mas faltavam metralhadoras em maior número e sobretudo morteiros (na altura eram uma coisa muito recente), medicamentos e material médico, e até os uniformes não eram os mais próprios para o clima africano.
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