sexta-feira, 13 de junho de 2008

Tantos anos de Pessoa e continuamos tão provincianos


Situado mentalmente entre os dois, o provinciano sente, sim, a artificialidade do progresso, mas por isso mesmo o ama. Para o seu espírito desperto, mas incompletamente desperto, o artificial novo, que é o progresso, é atraente como novidade, mas ainda sentido como artificial. E, porque é sentido simultaneamente como artificial é sentido como atraente, e é por artificial que é amado. O amor às grandes cidades, às novas modas, às «últimas novidades», é o característico distintivo do provinciano.

Se de aqui se concluir que a grande maioria da humanidade civilizada é composta de provincianos, ter-se-á concluído bem, porque assim é. Nas nações deveras civilizadas, o escol escapa, porém, em grande parte, e por sua mesma natureza, ao provincianismo. A tragédia mental de Portugal presente é que, como veremos, o nosso escol é estruturalmente provinciano. (in o Caso Mental Português)

Assim era em 1932. E hoje? Neste dia de celebração dos 120 anos do seu nascimento, quer-me parecer que se hoje fosse vivo não retiraria uma única vírgula às descrições da mentalidade provinciana portuguesa...

Um comentário:

Nuno Castelo-Branco disse...

ehehehehe, sai de Paris ou das grandes cidades alemãs e inglesas e vê como é...