"Na noite de 19 foram assassinados em Lisboa, o António Granjo, presidente do conselho, o Machado dos Santos, o Carlos da Maia e outros. O Manuel Coelho preside a um governo, de quem ninguem quer fazer parte. O António José d' Almeida fala em ir-se embora. Os partidos desappareceram. Os chefes, como o António Maria da Silva, a quem tambem quizeram matar, andam escondidos. Em Lisboa, estão trez barcos de guerra e já o corpo diplomatico esboçou o primeiro gesto de uma intervenção, fazendo votos, numa nota ao governo, por que os criminosos sejam punidos. Se aquillo não pára, é como acaba: pela intervenção."
João Chagas, Diário, entrada de 30 de Outubro de 1921 (Paris)
"O Almeida fica. As enormidades, as tolices, os desconchavos que este homem tem dito e escripto! Ninguem no entanto parece dar por isso, pois o seu prestigio cresce! O antigo tribuno da plebe, como elle proprio se intitulava, pede ordem. A ninguem no entanto occorre que elle foi um dos maiores fautores de anarchisação da republica. Ás suas manobras subterraneas, ás suas carbonarias, aos seus pamphletos, aos seus jornaes aggresivos, á sua occa phraseologia revolucionaria deve ella o estado em que se encontra, a braços com o povo que elle desencadeou".
João Chagas, Diário, entrada de 4 de Novembro de 1921 (Paris)
4 comentários:
Quem cantava "os eunucos devoram-se a si mesmos", mesmo? :)
E pouco faltou para a intervenção mesmo, os ingleses já pouca piada achavam a tanta bandalheira...
A capacidade de encaixe que os nossos antepassados demonstraram é inacreditável. Quando surgiu o rumor da colocação do país sob mandato da SDN (por volta de 1925.26), isso foi a gota de água. Sabemos o que se passou.
Para o povo mas sem o povo...
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