sexta-feira, 20 de junho de 2008

Os dois Grandes vistos por Ramalho Ortigão

"Pelo conjunto das exuberâncias e das deficiências da sua natureza de escritor, pelas suas qualidades e pelos seus defeitos, pelo seu temperamento, pela sua educação, pela sua obra, que é a imagem da sua vida, o nome de Camilo Castelo Branco representará para sempre na história da literatura pátria o mais vivo, o mais característico, o mais glorioso documento da actividade artística peculiar da nossa raça, porque ele é, sem dúvida alguma, entre os escritores do nosso século, o mais genuinamente peninsular, o mais tipicamente português"

"Superiormente instruído, versado em todas as coisas do espírito, equilibrado por uma alta cultura, de que ainda ninguém deu fé porque ele se empenha em ocultá-la sob uma superficialidadede "clubman", por um profundo requinte de mundanismo e de bom-tom, Eça de Queiroz reúne todas as capacidades de inteligência ao incomparável poder de expressão literária e de análise psicológica, que fez dele no mundo um dos primeiros romancistas do século"

4 comentários:

Anônimo disse...

O que sempre detestei no Eça e nos seus contemporâneos estrangeirados, foi a falta de autenticidade e a sua "queda" para as farncesices. Lê-se, mas é pouco genuíno.
P. Matias

cristina ribeiro disse...

Por ser amigo do Eça, Ramalho disse isso um bocado entre dentes, mas está lá...
Embora reconheça o valor, e leia com prazer algum Eça, sinto também o mesmo.

Pedro Fontela disse...

O que eu gosto no Eça é a crítica mordaz aos vicios nacionais - tão válida em 1900 com agora. O facto de o homem ser culto e viajado não deve servir de arma de arremesso popular...

cristina ribeiro disse...

Mas esse lado de crítico que também está muito presente em Camilo, e a ironia fina, numa escrita castiça é que é muito ignorada, Pedro.