quarta-feira, 25 de junho de 2008

No Combustões

6 comentários:

Pedro Fontela disse...

Os mesmos cuja principal preocupação em 1944 era assassinar Hitler por questões de preservação do poder nacional? Sinceramente devem ter-se merecido uns aos outros.

Nuno Castelo-Branco disse...

Do que estavas à espera, Pedro? É evidente que o seu primeiro dever seria preservar o país, tal como o Kaiser fez em 1918, evitando a ocupação. A natureza do regime do III Reich emudeceu toda a sociedade e é falacioso pensar que 90 milhões sentiam verdadeiramente o Sieg Heil! Aliás, o sucesso da Valquíria teria impedido a chegada do sr. Estaline e dos seus Quislings a toda a Europa central e do leste. A UE existiria alargada... 30 ou 40 anos antes. Talvez...

Pedro Fontela disse...

Nuno... o que eu quero fazer passar é a ideia que Hannah Arendt já falava há décadas... a responsabilidade moral destes senhores era enorme! Em todas as decisões contra o regime (poucas que foram...)apenas tiveram como objectivo o beneficio geoestratégico e não resolver ou sequer paliar os enormes e insustentáveis problemas morais do Reich. Criaturas amorais do primeiro ao último.

Samuel de Paiva Pires disse...

Pedro bem sei que me vais "massacrar", e embora pouco conheça da História alemã, quero apenas levantar um ponto teórico: qual o mal da amoralidade? A imoralidade é outra questão, agora a separação entre a moral e a política preconizada por tantos autores e raramente aplicada, e portanto o carácter amoral da política, parece-me algo naturalmente aceitável.

Nuno Castelo-Branco disse...

Não quis sequer discutir questões morais ou não, até porque o regime de Estaline era aliado de ingleses e americanos. O que parecia estar em causa para eles - os conspiradores - era a própria sobrevivência da Alemanha. de qualquer forma, a questão da rendição incondicional desmotivou a oposição interna - que havia - e levou o Reich para o beco sem saída que Hitler e Goebbels apontaram como argumento para a totaller krieg. Conhecendo os planos da Aliança no que respeitava ao recuo das fronteiras do germanismo (sem precedentes), procuraram evitar. O mapa da Europa sseria diferente, embora a Alemanha, tal como nos nossos dias, continuaria poderosa. Foi poderosa (mesmo em 44) e é poderosa, doutra forma. Basta olhar para as fronteiras actuais dos Estados do leste e perceber que Hitler não desdenharia do que se vê, com Croácias, Eslováquias e potenciais países dependentes de Berlim.
O que se deve entender - sem considerações de ordem ideológica - é a tentaiva da Wehrmacht em tomar conta da situação que obstasse ao desastre. aliás, hoje em dia sabe-se bem que Churchill manteve correspondência directa com Mussolini até 1945!. Mesmo depois de Kursk, os russos procuraram obter uma paz separada com boas condições para a URSS e para os alemães. Os arquivos do Kremlin que vão sendo abertos ao estudo, devem ter muito que esclarecer.

Pedro Fontela disse...

Samuel,

Não te vou massacrar mas vou discordar lol A questão da moralidade política faz sentido quando interpretada como um código de conduta mínimo que podemos esperar dos governantes (eu confio que não me vão escravizar, matar, etc) e não no sentido da adopção por parte do Estado de um código moral (religioso ou não) em particular como guia para todas as acções – penso que o mínimo de cumprir a declaração universal dos direitos do Homem não é assim tanto como isso. O que tu me pareces fazer alusão é o que eu chamo a ilusão tecnocrática. O funcionário pode manter-se neutro independentemente do governo e das suas acções. Foi precisamente essa a mentalidade que os nazis cultivaram em todos os sectores do Estado como forma de conseguir uma passividade por parte de todos os sectores com possibilidades de interferir e foi negada como defesa legal viável em Nuremberga, quem cumpre ordens criminosas é um criminoso.


Nuno,

Claro que os aliados também fizeram das suas… nada na mesma escala ou tão perverso mas enfim… além de te referir ao comentário em cima que escrevi ao Samuel digo-vos que é precisamente por se pensar que se poderia separar a questão política de qualquer julgamento de valores tornou todos aqueles crimes contra a humanidade possíveis. As pessoas perderam noção da realidade e acima de tudo da sua humanidade.