segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sobre a ala liberal do CDS-PP

Depois de Manuel Alegre dentro do PS, é agora António Pires de Lima que encabeça a institucionalização de uma denominada Ala Liberal do CDS-PP. Vamos aguardar para ver no que dá, e desculpe-me o Adolfo Mesquita Nunes, um dos bloggers que leio com mais frequência n'A Arte da Fuga, mas isto só me faz lembrar as divisões entre o Partido Republicano na 1.ª República. Se é para partir então parta-se a sério, reajuste-se o sistema político-partidário e criem-se novos partidos.

Ainda que o AMN nos diga que:

O que anima a Ala Liberal não pode ser a representação política do liberalismo, porque este não se acomoda na fileira das ideologias nem na catalogação política e partidária. O que motiva a Ala Liberal não pode ser a formação de um governo liberal, porque o liberalismo fornece um conjunto de respostas que, de certa forma, contrariam a prática governativa tal qual ela vem sendo interpretada entre nós. O que almeja a Ala Liberal não pode ser a formação de um partido liberal, porque o liberalismo fornece um conjunto de respostas que, de certa forma, contrariam a prática governativa tal qual ela vem sendo interpretada entre nós. O que almeja a Ala Liberal não pode ser a formação de um partido liberal, porque o liberalismo não convive com facilidade com projectos políticos pessoais e circunstanciais.

O que me leva a perguntar, então para que serve a Ala Liberal? Ao que o AMN nos responde:

O que a Ala Liberal deve ambicionar é conseguir constituir-se como um grupo de pessoas que consegue influenciar a intervenção do CDS no sentido da adopção de políticas de redução do papel do Estado e, nesse prisma político e partidário (é preciso não esquecer nem omitir), dar o seu contributo para uma superação do modelo de Estado que nos governa.

Então só posso concluir que mais tendências existirão dentro do CDS-PP que sejam em alguns pontos contrárias à Ala Liberal.

Sou um apologista da pluralidade e liberdade de pensamento, da pertença a uma pátria universal que alberga as diversas pátrias a que pertencemos, bem ao estilo da tolerância característica do estoicismo, considero abjecta a chamada disciplina de voto e o dislate dos líderes parlamentares que em determinadas questões aparecem na comunicação social como excelsos libertários a afirmar "nesta questão demos liberdade de voto aos nossos deputados", e é por isto que não faço parte de nenhum partido e me atrai a carreira académica e a ideia da "independência" mesmo que venha a desempenhar algum cargo público ou político, ideia essa que já serviu de mote a campanhas que efectuei para eleições na faculdade. Mas não posso deixar de reconhecer que um partido, como forma de arregimentação de pessoas com vista a constituir um grupo que pretende conquistar, manter e exercer o poder, tem que ter um substrato interno que lhe permita ser uma espécie de Leviatã sobre os seus militantes. É que senão, arrisca-se a distender-se demasiado ao longo do espectro das ideias políticas, levando a crises internas e conflitos entre as várias "alas". Cá estaremos para ver no que se concretizarão de facto estas correntes de opinião institucionalizadas dentro dos partidos.

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