segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Política na cama

(foto picada daqui)

Discutia eu com uma amiga sobre coisas da vida, relações, namoros e afins, quando argumentei com algo que o meu avô materno me dizia há dias, "que até na cama temos política". Respondeu-me ela que se assim é então existe também muito egoísmo.

Gostei da resposta. Isto pode é ser interpretado de duas formas, i.e., se tudo é política e em tudo há política, então somos todos uma cambada de egoístas; ou, Aristóteles tem razão quando diz que na casa (oikos) não há política, há administração, e portanto não haveria política na cama.

Ainda assim alguns discordam e preferem acreditar que a administração é também uma forma de política, algo em que tenho vindo a pensar com cada vez mais concordância. É porque senão apenas se pode entender a política em pleno estado de democracia, e tal não acontece numa casa, onde quer se queira ou não, há sempre uma dominação, por parte dos pais em relação aos filhos, e de uma das partes em relação à outra (não sendo machista, pois casos não faltam de mulheres que dominam os homens) e ainda assim um casal tem que se entender pois as relações são contratos entre duas pessoas que prosseguem o seu bem estar, tal como os grupos que se organizam na polis para idealmente prosseguir o bem estar colectivo.

Por mim, continuo a achar que as duas interpretações são igualmente válidas, mas prefiro reiterar por um cruzamento entre as duas, em que há política em tudo, até na administração, política como forma de nos relacionarmos percepcionando os outros, de acordo com as nossas crenças, personalidades e feitios, e se assim é, até na cama há política.

Alguns serão egoístas, outros gostarão mais de se esmerar pela cara metade, alguns estarão na cama de alma e coração puros, outros estarão a pensar na(s) ou no(s) amante(s), outros estarão a fazer as pazes (o chamado make up sex), outros há que se servem da cama para obter ou pagar favores políticos, muitos há que frequentemente se servem da cama com segundas intenções, e todo o acto sexual está impregnado de política, de investidas neste ou naquele sentido, de expectativas e desejos de experimentar isto ou aquilo, de conseguir fazer isto ou aquilo, e, em última instância, alcançar o pleno bem estar primário que só o orgasmo pode dar ao ser humano.

Afinal o homem é um animal político por natureza sendo o sexo provavelmente o que mais nos aproxima dos animais, e é como dizia o outro "até as baratas gostam e é só casca"!

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