Nunca entrei num estádio de futebol, nem mesmo no Estádio Nacional. Não sou sócio de qualquer clube desportivo, nem prescindo de uma boa conversa ou de um passeio, para ficar colado ao ecrã de um televisor, de assistência a um qualquer desafio interclubístico do chamado desporto rei. No entanto, padeço daquele mal anacrónico e talvez irracional, a que se dá o nome de orgulho nacional. Não perco um só desafio televisionado da selecção nacional de futebol, emociono-me, por vezes sofro uns minutos com a decepção e felizmente, regozijo-me bastas vezes com o sucesso.
Neste país de tão escassos recursos, o futebol atingiu proporções inauditas, parecendo vivermos em função deste ou daquele jogo mata-mata, ou do talento ou azar de um ou outro menino de ouro. Além do mérito desportivo nas competições internacionais, o futebol português é um inegável veículo de promoção e de prestígio. Desta forma, algumas declarações recentemente proferidas pelo presidente dos republicanos, são apenas passíveis de um encolher de ombros pelos despreocupados, ou de surpresa, pelos aficcionados. É que o argumento utilizado, não prima pela coerência, uma vez que implicitamente se alegam dificuldades financeiras a que há muito nos habituámos e a outras "prioridades a que o país deve atender". É falar muito e dizer nada.
Muito se criticou ao longo de anos, a decisão de construir os estádios de futebol destinados ao Euro 2004. Existem, é tudo. Se excluirmos os três que pertencem ao Sporting, Benfica e Porto, os outros têm uma ocupação efectiva muito abaixo da sua capacidade de acolhimento. Assim, a hipótese de realização, em parceria com a Espanha, de um Mundial no nosso país, deve ser seriamente ponderada. É que se não é séria uma imediata e entusiástica aceitação da candidatura, é igualmente demagógica e profundamente imbecil, uma automática rejeição da possibilidade. Temos as infraestruturas, ou pelo menos, grande parte daquelas que seriam necessárias. Temos necessidade de viabilizar negócios, de atrair a atenção do mundo, de cativar novos mercados de penetração dos agentes turísticos portugueses.
Não reconheço qualquer legitimidade à actual posição presidencial. É pura demagogia. É eleiçoarismo chão. É a vertigem do viver ao sabor e mercê das sondagens semanais do Expresso/Sol.
O prof. Cavaco Silva, foi primeiro ministro durante quase dez anos, Durante o seu mandato, "viu-se obra", é certo. Temos uma densíssima rede de autoestradas, quando por reflexo, a Irlanda quase não as possui. Por vezes, torna-se necessário uma curta viagem à memória do passado ainda muito recente, para facilmente verificarmos as catastróficas políticas despesistas prosseguidas por moralistas de hoje. É que ninguém pode esquecer os milhões de fundos destinados à formação profissional que em teoria, dotou Portugal de regimentos de imprescindíveis cabeleireiras, manicures e massagistas, quando os irlandeses decerto os esbanjavam na formação de programadores informáticos, mecânicos, electricistas, etc. O presidente dos republicanos parece ter memória curta, mas podemos sucintamente avivá-la com uns poucos exemplos:
A faraónica Expo 98, tão entusiásticamente apresentada durante anos, como símbolo de ressurgimento nacional; o ciclópico Centro Cultural de Belém, cujas derrapagens orçamentais introduziram o termo no nosso léxico quotidiano e cuja utilidade, é por fim viabilizada, através de um "empréstimo" à Colecção Berardo (em boa hora ). A Ponte Vasco da Gama, obra de inegável utilidade, mas cuja exploração - aliás anexada à ponte 25 de Abril - é motivo de controvérsia no que respeita à defesa do interesses do Estado; uma infindável lista de prebendas atribuídas pelo chamado fundo de coesão, criadoras de empresas fantasma e talvez, da maciça introdução do jeepismo no nosso país. Se a tudo isto juntarmos a loucura dos desperdícios autárquicos e regionais e a total ausência de fiscalização e implementação de reformas e modernização do tecido empresarial privado e do Estado, o panorama não parece remeter-nos para a época dourada implícita nas palavras do venerando. Quem não se lembra do ansioso aguardar das manchetes do Independente? Isso diz alguma coisa ao senhor presidente? Quem não se lembra da total insensibilidade às carências mais imediatas de largas franjas da população que tiveram de se habituar às cargas policiais e à indiferença dos Donos da nação? A lista é longa, enfadonha e deprimente.
Se o presidente dos republicanos a esqueceu, há quem se lembre e até estes, lhe poderão oferecer o benefício da dúvida, ainda que por uns meros segundos. Conhecendo as engrenagens e o móbil fundamental do funcionamento do sistema, o aproveitamento do "direito à indignação" - frequentemente utilizado por Mário Soares contra o seu próprio primeiro ministro Aníbal Cavaco Silva -, torna-se extemporâneo, ridículo e patético.
Antes de se tomarem decisões, deverão ser minuciosamente avaliados os benefícios e os prejuízos a elas inerentes. Tudo o resto, é mero folclore mediático da república portuguesa. Portugal merece melhor.
Neste país de tão escassos recursos, o futebol atingiu proporções inauditas, parecendo vivermos em função deste ou daquele jogo mata-mata, ou do talento ou azar de um ou outro menino de ouro. Além do mérito desportivo nas competições internacionais, o futebol português é um inegável veículo de promoção e de prestígio. Desta forma, algumas declarações recentemente proferidas pelo presidente dos republicanos, são apenas passíveis de um encolher de ombros pelos despreocupados, ou de surpresa, pelos aficcionados. É que o argumento utilizado, não prima pela coerência, uma vez que implicitamente se alegam dificuldades financeiras a que há muito nos habituámos e a outras "prioridades a que o país deve atender". É falar muito e dizer nada.
Muito se criticou ao longo de anos, a decisão de construir os estádios de futebol destinados ao Euro 2004. Existem, é tudo. Se excluirmos os três que pertencem ao Sporting, Benfica e Porto, os outros têm uma ocupação efectiva muito abaixo da sua capacidade de acolhimento. Assim, a hipótese de realização, em parceria com a Espanha, de um Mundial no nosso país, deve ser seriamente ponderada. É que se não é séria uma imediata e entusiástica aceitação da candidatura, é igualmente demagógica e profundamente imbecil, uma automática rejeição da possibilidade. Temos as infraestruturas, ou pelo menos, grande parte daquelas que seriam necessárias. Temos necessidade de viabilizar negócios, de atrair a atenção do mundo, de cativar novos mercados de penetração dos agentes turísticos portugueses.
Não reconheço qualquer legitimidade à actual posição presidencial. É pura demagogia. É eleiçoarismo chão. É a vertigem do viver ao sabor e mercê das sondagens semanais do Expresso/Sol.
O prof. Cavaco Silva, foi primeiro ministro durante quase dez anos, Durante o seu mandato, "viu-se obra", é certo. Temos uma densíssima rede de autoestradas, quando por reflexo, a Irlanda quase não as possui. Por vezes, torna-se necessário uma curta viagem à memória do passado ainda muito recente, para facilmente verificarmos as catastróficas políticas despesistas prosseguidas por moralistas de hoje. É que ninguém pode esquecer os milhões de fundos destinados à formação profissional que em teoria, dotou Portugal de regimentos de imprescindíveis cabeleireiras, manicures e massagistas, quando os irlandeses decerto os esbanjavam na formação de programadores informáticos, mecânicos, electricistas, etc. O presidente dos republicanos parece ter memória curta, mas podemos sucintamente avivá-la com uns poucos exemplos:
A faraónica Expo 98, tão entusiásticamente apresentada durante anos, como símbolo de ressurgimento nacional; o ciclópico Centro Cultural de Belém, cujas derrapagens orçamentais introduziram o termo no nosso léxico quotidiano e cuja utilidade, é por fim viabilizada, através de um "empréstimo" à Colecção Berardo (em boa hora ). A Ponte Vasco da Gama, obra de inegável utilidade, mas cuja exploração - aliás anexada à ponte 25 de Abril - é motivo de controvérsia no que respeita à defesa do interesses do Estado; uma infindável lista de prebendas atribuídas pelo chamado fundo de coesão, criadoras de empresas fantasma e talvez, da maciça introdução do jeepismo no nosso país. Se a tudo isto juntarmos a loucura dos desperdícios autárquicos e regionais e a total ausência de fiscalização e implementação de reformas e modernização do tecido empresarial privado e do Estado, o panorama não parece remeter-nos para a época dourada implícita nas palavras do venerando. Quem não se lembra do ansioso aguardar das manchetes do Independente? Isso diz alguma coisa ao senhor presidente? Quem não se lembra da total insensibilidade às carências mais imediatas de largas franjas da população que tiveram de se habituar às cargas policiais e à indiferença dos Donos da nação? A lista é longa, enfadonha e deprimente.
Se o presidente dos republicanos a esqueceu, há quem se lembre e até estes, lhe poderão oferecer o benefício da dúvida, ainda que por uns meros segundos. Conhecendo as engrenagens e o móbil fundamental do funcionamento do sistema, o aproveitamento do "direito à indignação" - frequentemente utilizado por Mário Soares contra o seu próprio primeiro ministro Aníbal Cavaco Silva -, torna-se extemporâneo, ridículo e patético.
Antes de se tomarem decisões, deverão ser minuciosamente avaliados os benefícios e os prejuízos a elas inerentes. Tudo o resto, é mero folclore mediático da república portuguesa. Portugal merece melhor.
4 comentários:
Amigo nunca viste um jogo de futebol ao vivo?? pois não sabes o que perdes, mas gostos não se discutem. Um abraço e passa la no meu sitio.
Saudações.
-Não é uma ideia exequível, julgo eu, por razões que expliquei ontem n'O Andarilho, julgo que Portugal poderá quanto muito, ponderar a organização a sós, realizando parceria com as juntas da Galiza e Andalazia. Com a Espanha julgo tal ser impossivel, pois um Mundial requer cerca de 10 cidades, basta perceber a realidade espanhola, autonomias, regiões e nacionalidades, para se perceber que não poderiam partilhar tal evento com Portugal, pois criariam graves problemas políticos internos.
A ideia da organização conjunta com as autonomias espanholas parece-me bem! Um Mundial realizado por Portugal, Galiza, Andaluzia, Catalunha, Navarra e País Basco, e mais uma facada na Castela vestefaliana.
Se bem que pode gerar controvérsias em Espanha, até seria bem engraçado assistir a essas convulsões, tal como o Hugo diz!
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