quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Quando o orçamento não chega...

...ou não é bem gerido como em muitos casos:

Por via das dificuldades económicas de muitas instituições, ou de iminentes alterações às carreiras do sector, é já um dado adquirido que as universidades públicas vão reduzir os seus corpos docentes. Se serão cortes da ordem das dezenas, centenas ou até milhares é a dúvida que neste momento deixa angustiados muitos profissionais da área.

Ainda vamos ver professores universitários na rua a juntarem-se aos do básico e secundário. Quando para se garantir um lugar como professor universitário é necessário ser doutorado, deixa de haver espaço para os restantes. E é que para chegar a professor doutor são necessários uns quantos anos, e entretanto as contas não se pagam do ar. E nem todos têm bolsas da FCT.

Parece que já estou a ver certos professores doutores decrépitos ou que de professores têm muito pouco, a recostarem-se nos seus cadeirões, enquanto os promissores jovens académicos não têm alternativa a não ser desistir da carreira académica.

E não me parece realmente muito viável esta bolonhesa de fazer 3+2 + não sei quantos anos, para se chegar a professor doutor e poder ser docente universitário com lugar garantido. Isto sou só eu a pensar, mas quantos pais estão dispostos a pagar 7 ou 8 ou 9 anos para o filho ser professor doutor?

Ainda por cima, a haver despedimentos em massa serão os mais novos e que menos estejam ligados às redes de caciques das universidades onde leccionam que serão os primeiros a ser despedidos. Mais uma vez vamos assistir à velha rábula de "eu estou cá há mais tempo que tu", ou "eu tenho uma licenciatura desta universidade e tu não", a mostrar como a antiguidade é um posto neste Portugal decrépito onde a meritocracia nunca se fará realmente sentir, não sendo por isso de admirar o crescente brain drain que se vem paulatinamente instalando, esse mesmo síndrome de país terceiro mundista.

Há dias alguém me dizia que me via mais como professor/político do que como militar ou diplomata. Entende porque é cada vez mais difícil viver neste país, especialmente para os jovens, mesmo sendo a carreira académica a que mais me atrai?

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