sexta-feira, 7 de março de 2008

Revolta calada

Hoje (ontem, 06/03/08) fui ameaçado por uma delegada do Ministério Público. Tendo sido constituído como testemunha num processo que envolve familiares e agressões físicas por parte de antigos vizinhos, hoje pude ver in loco como funciona a justiça neste país. Porventura terá pensado a delegada do Ministério Público que me iria fugir a boca para a verdade e dizer que tudo o que se estava ali a verificar era um compadrio entre a outra parte, os advogados, a delegada e o juíz, destinado a condenar a arguida numa espécie de julgamento.

Espécie, cheia de contradições, em que o objecto supostamente danificado em causa não foi constituído como prova, em que a parte contrária age com uma por de mais evidente má fé, em que várias pessoas prestam falsas afirmações, e em que se ofende sem pudor o bom nome de testemunhas da parte da arguida, pois não são da terrinha onde o caso está a ser julgado, são de Lisboa e ali residem há apenas poucos anos.

Não era isso que eu ia dizer, como depois notou e se espantou a senhora delegada. De qualquer das formas, a minha liberdade de expressão foi hoje condicionada em pleno tribunal, numa audiência que de imparcial teve muito pouco. Não vivemos em ditadura, e se há coisa que me dá um nó na garganta e traz ao de cima os meus mais profundos sentimentos de revolta são atentados à mais elementar liberdade de expressão, por parte daqueles que se julgam donos do poder, com a típica ameaça digna do mais básico dos chicos-espertos portugueses. Dá-me vontade de ser uma Maria da Fonte.

Agora depois de um "veja lá o que diz porque já foram proferidas acusações contra o Ministério Público, e que são passíveis de gerar um processo crime", e de nas alegações finais, a advogada de defesa e a delegada me terem ofendido e novamente ameaçado referindo que as minhas afirmações não poderiam ficar impunes, e que teria que haver um processo contra mim, quem não vai ficar calado sou eu, até porque independentemente do desfecho da sentença, vou fazer queixa da dita delegada à Procuradoria-Geral da República. Até vou aqui divulgar o nome dela, assim que o souber. E vou descrever tudo no blog, pode ser que entretanto alguma televisão ou jornal ache piada ao caso. Processem-me, eu até gosto destas coisas.

Darei conta em mais detalhe deste caso que me está a provocar um profundo sentimento de injustiça e revolta, quer pelo julgamento parcial que está a ocorrer, quer pela ameaça da delegada do Ministério Público, logo após a leitura da sentença na próxima semana.

Um comentário:

Paulo Soska Oliveira disse...

Samuel, Amigo, o Estado está Sentido.