segunda-feira, 31 de março de 2008

Demagogia propagandística de quinta categoria



É simplesmente fantástica esta peça de propaganda realizada pela Al Jazeera, que até já passou na Sic ou Sic Notícias, não me recordo concretamente. O João Miranda deixa sem dúvida a melhor análise desta propaganda nefasta:

A emissão é da AlJazeera. O guião e as dobragens são do Bloco de Esquerda.

Dando uma imagem de Lisboa como se fosse Beirute depois dos ataques israelitas, José Sá Fernandes apresenta-se como um arauto contra a corrupção puxando ao sebastianismo português, num misto de alegado patriotismo e anti-patriotismo que só dificulta o trabalho de promoção do país a nível de política externa, especialmente no que ao sector turístico diz respeito.

Relembro um Prós e Contras sobre planeamento urbano e corrupção que passou há umas semanas. Um dos intervenientes principais, de quem não me recordo do nome, contava uma singular e irónica estória da visita de uma sua amiga italiana ao nosso país. A dada altura, disse-lhe a sua amiga que Portugal é muito bonito, com cidades muito bonitas, mas muito desordenadas a nível do planeamento urbano, obtendo deste repto a resposta de que tal se justifica pelo elevado nível de corrupção deste sector, ao que a italiana respondeu que em Portugal não há de certeza absoluta mais corrupção do que em Itália, o que há é uma grande falta de gosto. Nem mais, e a demonstrá-lo estão os projectos de uns pombais ou currais assinados por José Sócrates há uns anos.

E para quem ainda não se tenha apercebido, realmente o irmão do Zé que não faz cá falta e que custou aos cofres do Estado cerca de 18 milhões de euros, sumariza bem a questão, "corruption is a way of being". De facto, e novamente aqui deixo o repto para que vejam um dos melhores filmes dos últimos anos, Syriana, de onde retiro a seguinte deixa e deixo um breve comentário que já havia aqui deixado:

"Corruption? Corruption ain't nothing more than government intrusion into market efficiencies in the form of regulation. That's Milton Friedman. He got a goddamn Nobel Prize. We have laws against it precisely so we can get away with it. Corruption is our protection. Corruption is what keeps us safe and warm. Corruption is why you and I are prancing around here instead of fighting each other for scraps of meat out in the streets. Corruption is why we win."

A profundidade desta deixa não pode passar despercebida. Tal como referia, o Direito dedica-se ao que deve ser para que possa precisamente justificar o que é. Por outro lado, na senda da famosa frase de Montesquieu de que "todo o índividuo investido de poder é tentado a abusar dele" penso ser apropriada a assumpção de Schumpeter de que o homem ao entrar no domínio da política perde grande parte da sua capacidade racional, tornando-se eminentemente um ser associativo que funciona por interesses. Analisando isto à luz dos ensinamentos aristotélicos, tendo em especial consideração que "o homem é um animal político por natureza", então logicamente se concluirá que a passagem do estado de natureza para o estado social por via contratualista implicará sempre uma base de corrupção, especialmente quando se trata dos povos latinos possuidores de uma tendência inata para a corrupção, que no caso português começa ao mais baixo nível com a chico-espertice que não é alheia aos que ao mais alto nível se imiscuem de dar o exemplo, apesar de muitos terem bonitos e até épicos discursos contra a corrupção.

Quanto mais rapidamente as pessoas se aperceberem e interiorizarem isto menos facilmente se deixam enganar por estes pseudo-idealistas, alegados e aparentes outsiders que são tão sistémicos como quaisquer outros, e mais facilmente entendem como as coisas funcionam.

Mas tudo isto está prestes a perder a sua validade na realidade portuguesa. Tenho a leve impressão que está prestes a concretizar-se uma das profecias mais importantes do legado filosófico-político do ocidente. Sá Fernandes vai salvar Lisboa, vai salvar Portugal, quiçá vai até salvar o Mundo, que ninguém pense o contrário nem duvide, qual Jesus Cristo, Buda ou Maomé, o verdadeiro super-homem de Nietzsche está encontrado!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ora estão a ver? O BE já recebe umas recompensas pela sua amizade para com os senhores do Hammas, da AlQuaeda, Ahmadinedjads, etc. No entanto, muito daquilo que escutámos é VERDADE, Samuel. O problema reside no facto de o BE estar no poder efectivo, há muitos e muitos anos. Faz parte da coisa.
Nuno