O noticiário das oito da noite, condimentou-nos o jantar com cenas de dilacerante desespero de um grupo de corajosos monges tibetanos. Enfrentando interdições e controles policiais enviados pelo governo dhinês de ocupação, contaram a verdade aos jornalistas ocidentais que se prestavam a uma visita habilmente ciceronada pela propaganda, e arriscaram a vida para nos dizer aquilo que sabemos há muito.
Segundos depois, tivemos o ministro da presidência a balbuciar um incompreensível arrazoado de desculpas, tendentes a minimizar os danos colaterais causados por uma imprensa e opinião pública em crescendo estado de indignação. Puxou de um patrioteirismo rasteiro e escondeu atrás da "flâmula pára-arranca nacional", a razão de uma mais que certa presença do seu governo na cerimónia inaugural dos Jogos Olímpicos. O brilho cintilante de negócios dourados em perspectiva, ofusca ministros e empresários. Esquecem-se facilmente os princípios, desde que algo de sonante reverta como recompensa por bom comportamento.
Durante quase trinta anos, Portugal fez ouvir a sua voz nas Nações Unidas. De forma insistente, o caso de Timor-Leste foi considerado como um ponto de honra, alegando-se a carta da ONU, o direito internacional, os direitos humanos, ou o aceitável princípio do respeito pelas antigas fronteiras da época colonial.
Temos hoje forças portuguesas no Kosovo, um pseudo-Estado historicamente inexistente, sem qualquer passado de luta pela autonomia. Uma ficção tacitamente aceite - sem dizer que sim ou não - pelo actual governo de Lisboa. Por ele bombardeámos a nossa antiga aliada de 1916, a Sérvia. Usámos munições radioactivas e as nossas autoridades sentiram ter cumprido a missão.
Na cerimónia inaugural dos J.O., creia-me sr. ministro quando lhe digo que nos prestou um enorme favor. Para muitos, muitos portugueses, aquela bandeira que desfilará em V. representação, será apenas a bandeira da república portuguesa. Apenas isso. É pouco. É nada.
Resta-nos a consolação de nesta próxima reedição de Berlim 1936, surgirem umas dezenas de Jesse Owen's que estraguem certas digestões.
Segundos depois, tivemos o ministro da presidência a balbuciar um incompreensível arrazoado de desculpas, tendentes a minimizar os danos colaterais causados por uma imprensa e opinião pública em crescendo estado de indignação. Puxou de um patrioteirismo rasteiro e escondeu atrás da "flâmula pára-arranca nacional", a razão de uma mais que certa presença do seu governo na cerimónia inaugural dos Jogos Olímpicos. O brilho cintilante de negócios dourados em perspectiva, ofusca ministros e empresários. Esquecem-se facilmente os princípios, desde que algo de sonante reverta como recompensa por bom comportamento.
Durante quase trinta anos, Portugal fez ouvir a sua voz nas Nações Unidas. De forma insistente, o caso de Timor-Leste foi considerado como um ponto de honra, alegando-se a carta da ONU, o direito internacional, os direitos humanos, ou o aceitável princípio do respeito pelas antigas fronteiras da época colonial.
Temos hoje forças portuguesas no Kosovo, um pseudo-Estado historicamente inexistente, sem qualquer passado de luta pela autonomia. Uma ficção tacitamente aceite - sem dizer que sim ou não - pelo actual governo de Lisboa. Por ele bombardeámos a nossa antiga aliada de 1916, a Sérvia. Usámos munições radioactivas e as nossas autoridades sentiram ter cumprido a missão.
Na cerimónia inaugural dos J.O., creia-me sr. ministro quando lhe digo que nos prestou um enorme favor. Para muitos, muitos portugueses, aquela bandeira que desfilará em V. representação, será apenas a bandeira da república portuguesa. Apenas isso. É pouco. É nada.
Resta-nos a consolação de nesta próxima reedição de Berlim 1936, surgirem umas dezenas de Jesse Owen's que estraguem certas digestões.
3 comentários:
Talvez me vá custar um bocadinho, mas eu não apoiarei os nossos atletas em Pequim.
A hipocrisia que se esconde por detrás de muitos desses senhores que enchem a boca com a "Defesa dos Direitos Humanos"...
Como dizia o Príncipe de Salina: "é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma".
Tem razão, o dinheiro e quem manda
Pedro Matias
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