quinta-feira, 27 de março de 2008

Tomaz de Figueiredo.

"Morro de amor pelo meu pátrio Minho, pela vila dos Arcos, pela Casa de Cazares, onde a minha infância dorme, onde esperei, feliz envelhecer, escrevendo mais livros, sempre livros, onde cuidei morrer e, como Goethe, pedindo luz e luz, sempre mais luz, de janelas rasgadas sobre o Vez, sobre a fonte que jorra da carranca, sobre as minhas amadas laranjeiras.
Fausto, morro de amor pelos meus livros, pelos romances que pensei, fugidos, perdidos e sumidos... («Viagens no meu Reino» )

Dele diz João Bigotte Chorão: "Não era Tomaz de Figueiredo, como Raul Machado, um gramático, um filólogo, um erudito, um especialista- era um escritor, um cavador de palavras, um servidor do idioma. O que lhe faltaria em ciência académica, sobejava-lhe em intuição e amor..." e, no «Dicionário de Literatura», acrescenta David Mourão Ferreira: "Prodigioso evocador do passado, em verso e prosa, grande poeta da memória, Tomaz de Figueiredo consegue aliar a muitos rasgos temperamentais de raiz romântica uma disciplina clássica (...). Integra-se numa tradição tipicamente portuguesa da qual terá sido Camilo, antes dele, o mais alto expoente.

Pois bem, é este quase conterrâneo- nasceu em Braga, a 6 de Julho de 1902, embora bem cedo tivesse ido viver para Arcos de Valdevez-, que até há bem pouco tempo desconhecia. Foi-me "apresentado" pelo blogue Futuro Presente e, na resposta a um comentário, o autor do post aconselhou-me a começar a leitura da sua obra por «A Toca do Lobo»...; descobri então um escritor de mão-cheia, a quem, ainda nas palavras de Bigotte Chorão, "O instinto da língua, por um lado, e o seu trato com o falar do povo e a obra dos clássicos, por outro, deram um raro conhecimento do português, nas suas expressões mais populares e mais eruditas..."

6 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Confesso o crime que roça o sacrilégio, de ter dado nos últimos anos, muito pouca atenção à nossa literatura. Vou procurar saber mais (sem ser pela net).

cristina ribeiro disse...

Vale bem a pena, Nuno! Uma delícia, muito camiliano, na grandiosidade do vocabulário e no construir muitíssimo bem as frases.
Obrigada por ter feito o link, Não entendo mesmo nada disto: limito-me a postar o texto.Quis colocar uma fotografia da Casa de Cazares, e não soube- ontem foi o meu sobrinho que pôs a da bandeira...
Está visto: temos de nos encontrar para me dar umas lições :)

Luísa A. disse...

Parabéns, minha cara Cristina, pela sua estreia como blogger. Estive quase a rever as minhas – vagas… – convicções republicanas. :-D
Obrigada, também, por me despertar este interesse. As minhas viagens pela literatura portuguesa andam demasiado fechadas em percursos circulares.

O Réprobo disse...

Eu gosto muito de T.F., quer como prosador, quer como poeta. Lembro-me de ter publicado um bom poema dele no «Misantropo...».
A Cristina viu a desgarrada satírica que ele despoletou contra Marcello Caetano e foi ontem deliciosamente narrada no «Manlius»?
Beijo
PS: Cristina, puxe um bocadinho daí, eu do outro lado e havemos de levar a Luísa para o bom caminho...

cristina ribeiro disse...

Que diz desta "conspiração",Luísa? Olhe que o nosso lema é "Por Bem"...

Não vi, Paulo, mas ainda vou a tempo...
Beijo

nonas disse...

Olá Cristina,
Decerto já descobriu o site do Tomaz de Figueiredo na net.
Aqui fica: http://www.tomazdefigueiredo.net/