quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Prodi perde voto de confiança

Meu caro Paulo, nós que somos tão experientes em moções de censura, bem que podíamos aqui aprender com o Berlusconi a manipular um voto ou moção de confiança que acaba por surtir o efeito desejado com uma moção de censura, sendo que neste caso o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, não tem alternativa a não ser a demissão.

E tudo isto entre sessões de pancadaria e os senadores de Berlusconi a festejar em pleno senado abrindo uma garrafa de champanhe.

Acho que tu, como meio-italiano, devias voltar para Itália e tomar conta daquilo.

Um comentário:

Paulo Cardoso disse...

Bem, enquanto luso-italiano que sou, é óbvio que estas situações me deixam profundamente triste. Não por qualquer espécie de orgulho patriota-idiota (os que me conhecem sabem que essas manobras de fidelização me passam ao lado, precisa/e por saber que o são e para que servem), mas sim porque estes episódios tragicómicos (convenhamos... senadores cuspidores, de óculos escuros, a beber champanhe e de pólo vermelho sobre os ombros, em pleno Senado?! Gaetano Barbati, claro...) só transformam individualidades como Maquiavel, em cândidos idealistas utópicos!
É óbvio que esta palhaçada, reveladora de uma extrema falta de maturidade política e democrática, vai continuar a descredibilizar e a arrastar o país pela lama. Faz lembrar aquele relato acerca do Império, em 410 e.c., quando o visigodo Alarico entrava todo contente da vida por Roma dentro a pilhar, enquanto os senadores estavam reunidos no Senado, absorvidos pela dúvida metafísica acerca do sexo dos anjos (sim, foi daí que derivou a expressão).
Prodi não é Júlio César e é fraco. Foi fraco na Comissão Europeia, e foi um fraco Primeiro-ministro. E já dizia Maquiavel: "quem quiser implantar uma ditadura e não matar Bruto; e quem quiser implantar uma República e não matar o filho de Bruto, não há-de reinar por muito tempo". E o problema reside precisamente aí: nesta espécie de optimates "à Berlusca", sedentários do poder ao extremo (as suas cadeiras no Senado já devem ter a forma dos seus rabos moldada na perfeição após anos e anos de uso) herdeiros da pior espécie de corruptibilidade que advém desse tempo e apologistas da doutrina da "corrupção-abusiva-legítima".