É com alguma preocupação que tenho pensado no que aqui vou deixar.
Tenho vindo a aperceber-me e a tomar conhecimento de imensas situações do que se pode chamar de um tímido brain drain de Portugal para o estrangeiro, deixando adivinhar um sintoma terceiro-mundista. Jovens entre os 20 e 30 anos, a maioria com qualificações ao nível do ensino secundário e superior, pensam hoje em sair de Portugal, e não é difícil conhecer casos de jovens que vão para países até supostamente menos desenvolvidos do que Portugal.
Tenho conhecido e tomado conhecimentos de situações de jovens que vão trabalhar e viver no Quatar, Dubai, Angola, Moçambique, Brasil, África do Sul, Islândia, Dinamarca, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, e até o nosso novo colega de blog, o Paulo Soska, se prepara para ir para a Eslováquia, entre os diversos outros destinos da preferência dos portugueses.
Não é difícil perceber porquê, e passo a explicar o meu ponto de vista.
A política é hoje um jogo de exemplares medíocres que representam os diversos interesses instalados que não permitem o desenvolvimento de um sistema político necessário para um maior desenvolvimento económico e social do país, sendo um domínio dominado pela demagogia em detrimento da sapiência, pelas J's e Partidos que representam o que Schumpeter critica e coloca como sendo o carácter associativo do homem no domínio da política, que ao perder a racionalidade coloca barreiras à criação de um Estado moderno e de um país desenvolvido.
A máquina do Estado é constituída por uma população envelhecida que não dá espaço aos jovens, muito pelo contrário, repele-os, exceptuando os casos dos típicos caciques e tradições dinásticas, isto é, as serventias, feudalismos partidários e factor cunha, e as tradicionais representações familiares que se prolongam na teia relacional do poder através do património genealógico e da presunção de estatuto artificial.
Este regime chamado de abrilista, tem tanto ou mais de elitista que o regime salazarista, o que não é de admirar tendo em conta que as revoluções são sempre feitas no sentido da subversão dos interesses instalados para serem substituídos por outros que progressivamente se instalam confortavelmente, ou seja, faz-se uma revolução contra os donos, o dominus, para nos tornarmos nós o dominus.
Em termos sociais, ao nível da educação e da saúde, está bem à vista de todos o que se passa neste cantinho à beira mar plantado. Se há área de actuação onde não defendo a redução do Estado é nestas duas áreas.
A privatização da saúde é um processo perverso que vem complementar o já poderoso negócio e lobby farmacêutico, que em conjunto com a redução dos serviços de atendimento de urgências colocam a saúde dos portugueses num grave patamar, sob a lógica do lucro. Ainda há pouco via na Sic uma reportagem no Algarve onde um indivíduo de alguma idade dizia que a única forma que tinha de ir até às urgências mais próximas era de táxi, que custava cerca de 50 euros, o que me parece de todo ultrajante, se tivermos em conta os valores das reformas e pensões sociais.
Quem me conhece, e quem me lê, sabe que pouco ou nada tenho de comunista ou socialista. Assumo-me como uma pessoa de direita, mas há aspectos da vida em sociedade cuja regulação não deveria ser passível de ser interpretada segundo lógicas ideológicas. Não é possível prosseguir um ideal bem comum e chegar a um nível de desenvolvimento tal de países a quem temos a tentação de nos comparar constantemente, como os países nórdicos, com este tipo de discrepâncias e contrastes entre ricos e pobres, diria até entre classes, de certa forma.
Muitos poderão dizer que isto representa um virar à esquerda no meu pensamento, direi apenas que muito do que Marx escreveu foi deturpado, ainda hoje continuando actual em diversas análises, e novamente repito: há determinadas áreas da vida em sociedade que devem ser despolitizadas, sob pena de incorrermos no risco de perversidade que leva à mudança de regimes, dando aqui razão de ser à oikos nomos, à administração da casa na acepção aristotélica e, por conseguinte, à ideologia da governance que desideologiza determinadas áreas de actuação do Estado, que através desse processo se tornam exemplares sectores de competência ao serviço da causa pública.
Tenho vindo a aperceber-me e a tomar conhecimento de imensas situações do que se pode chamar de um tímido brain drain de Portugal para o estrangeiro, deixando adivinhar um sintoma terceiro-mundista. Jovens entre os 20 e 30 anos, a maioria com qualificações ao nível do ensino secundário e superior, pensam hoje em sair de Portugal, e não é difícil conhecer casos de jovens que vão para países até supostamente menos desenvolvidos do que Portugal.
Tenho conhecido e tomado conhecimentos de situações de jovens que vão trabalhar e viver no Quatar, Dubai, Angola, Moçambique, Brasil, África do Sul, Islândia, Dinamarca, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, e até o nosso novo colega de blog, o Paulo Soska, se prepara para ir para a Eslováquia, entre os diversos outros destinos da preferência dos portugueses.
Não é difícil perceber porquê, e passo a explicar o meu ponto de vista.
A política é hoje um jogo de exemplares medíocres que representam os diversos interesses instalados que não permitem o desenvolvimento de um sistema político necessário para um maior desenvolvimento económico e social do país, sendo um domínio dominado pela demagogia em detrimento da sapiência, pelas J's e Partidos que representam o que Schumpeter critica e coloca como sendo o carácter associativo do homem no domínio da política, que ao perder a racionalidade coloca barreiras à criação de um Estado moderno e de um país desenvolvido.
A máquina do Estado é constituída por uma população envelhecida que não dá espaço aos jovens, muito pelo contrário, repele-os, exceptuando os casos dos típicos caciques e tradições dinásticas, isto é, as serventias, feudalismos partidários e factor cunha, e as tradicionais representações familiares que se prolongam na teia relacional do poder através do património genealógico e da presunção de estatuto artificial.
Este regime chamado de abrilista, tem tanto ou mais de elitista que o regime salazarista, o que não é de admirar tendo em conta que as revoluções são sempre feitas no sentido da subversão dos interesses instalados para serem substituídos por outros que progressivamente se instalam confortavelmente, ou seja, faz-se uma revolução contra os donos, o dominus, para nos tornarmos nós o dominus.
Em termos sociais, ao nível da educação e da saúde, está bem à vista de todos o que se passa neste cantinho à beira mar plantado. Se há área de actuação onde não defendo a redução do Estado é nestas duas áreas.
A privatização da saúde é um processo perverso que vem complementar o já poderoso negócio e lobby farmacêutico, que em conjunto com a redução dos serviços de atendimento de urgências colocam a saúde dos portugueses num grave patamar, sob a lógica do lucro. Ainda há pouco via na Sic uma reportagem no Algarve onde um indivíduo de alguma idade dizia que a única forma que tinha de ir até às urgências mais próximas era de táxi, que custava cerca de 50 euros, o que me parece de todo ultrajante, se tivermos em conta os valores das reformas e pensões sociais.
Quem me conhece, e quem me lê, sabe que pouco ou nada tenho de comunista ou socialista. Assumo-me como uma pessoa de direita, mas há aspectos da vida em sociedade cuja regulação não deveria ser passível de ser interpretada segundo lógicas ideológicas. Não é possível prosseguir um ideal bem comum e chegar a um nível de desenvolvimento tal de países a quem temos a tentação de nos comparar constantemente, como os países nórdicos, com este tipo de discrepâncias e contrastes entre ricos e pobres, diria até entre classes, de certa forma.
Muitos poderão dizer que isto representa um virar à esquerda no meu pensamento, direi apenas que muito do que Marx escreveu foi deturpado, ainda hoje continuando actual em diversas análises, e novamente repito: há determinadas áreas da vida em sociedade que devem ser despolitizadas, sob pena de incorrermos no risco de perversidade que leva à mudança de regimes, dando aqui razão de ser à oikos nomos, à administração da casa na acepção aristotélica e, por conseguinte, à ideologia da governance que desideologiza determinadas áreas de actuação do Estado, que através desse processo se tornam exemplares sectores de competência ao serviço da causa pública.
Quanto à educação, do ensino primário ao secundário prima-se pelo provincianismo dos professores, que na maior parte dos casos se preocupam apenas com a progressão na carreira e no escalão, sem qualquer amor ao que deveria ser uma arte, a arte de ensinar, de transmitir conhecimento, enquanto no ensino superior primamos pela arrogância dos professores pseudo-sábios, e pela mediocridade dos alunos. Tudo isto devido a um sucessivo e gradual desprimor do ensino que se vem revelando desde o 25 de Abril, acentuado pelo nivelar por baixo que os diversos governos PS e PSD têm feito questão de implementar.
A nível económico e de emprego, enquanto os portugueses têm vindo a perder poder de compra, diversas dinâmicas se instalaram no mercado de emprego, com especial relevo para a geração dos empregos de 500 euros, e para a imensidão de call centers onde trabalham milhares de universitários e outros trabalhadores com qualificações a nível do ensino secundário, na grande maioria dos casos, que a troco de uns míseros euros se prestam a regimes de quase escravidão, à luz da legislação laboral portuguesa.
Tudo isto enquanto a inflação aumenta, o custo de vida aumenta, os impostos aumentam, as taxas de juro aumentam. Como é que um jovem ou um casal de jovens pode iniciar uma vida em conjunto com os preços praticados no mercado imobiliário, automóvel, de vestuário, alimentação, entre outros, e como pode ainda o Estado exigir que os portugueses tenham mais filhos com os encargos que hoje lhes estão associados? Se isto fosse a Suécia, claro que não me importaria de ter 4 ou 5 filhos, agora assim é difícil.
Portanto, nada de bom pode advir destas situações que enchem bolhas de descontentes.
Porém, para que não digam que sou daqueles que só critica e não dá soluções aí apresento a minha: acabar com a demagogia populista instalada pelo centrão dos medíocres que afastaram os competentes, ou seja, uma nova revolução. Se assim não for, estou para ver quem vai governar este país daqui a 20 ou 30 anos, talvez os J's caciqueiros e medíocres sedentos de poder, ou a geração dos call centers.
Por mim, espero rapidamente poder fugir deste país. E como eu, muitos andam por aí, muitos vão saindo e vão sair.
A nível económico e de emprego, enquanto os portugueses têm vindo a perder poder de compra, diversas dinâmicas se instalaram no mercado de emprego, com especial relevo para a geração dos empregos de 500 euros, e para a imensidão de call centers onde trabalham milhares de universitários e outros trabalhadores com qualificações a nível do ensino secundário, na grande maioria dos casos, que a troco de uns míseros euros se prestam a regimes de quase escravidão, à luz da legislação laboral portuguesa.
Tudo isto enquanto a inflação aumenta, o custo de vida aumenta, os impostos aumentam, as taxas de juro aumentam. Como é que um jovem ou um casal de jovens pode iniciar uma vida em conjunto com os preços praticados no mercado imobiliário, automóvel, de vestuário, alimentação, entre outros, e como pode ainda o Estado exigir que os portugueses tenham mais filhos com os encargos que hoje lhes estão associados? Se isto fosse a Suécia, claro que não me importaria de ter 4 ou 5 filhos, agora assim é difícil.
Portanto, nada de bom pode advir destas situações que enchem bolhas de descontentes.
Porém, para que não digam que sou daqueles que só critica e não dá soluções aí apresento a minha: acabar com a demagogia populista instalada pelo centrão dos medíocres que afastaram os competentes, ou seja, uma nova revolução. Se assim não for, estou para ver quem vai governar este país daqui a 20 ou 30 anos, talvez os J's caciqueiros e medíocres sedentos de poder, ou a geração dos call centers.
Por mim, espero rapidamente poder fugir deste país. E como eu, muitos andam por aí, muitos vão saindo e vão sair.
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