segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Uma monarquia para Portugal?

Há uns meses atrás, numa exposição que teve lugar na FIL, onde se fizeram representar universidades, partidos políticos (através dos seus departamentos de juventude) e outras instituições afins, tive a oportunidade de conversar com alguns membros da Juventude Monárquica Portuguesa.

Questionei um jovem do referido movimento sobre os motivos de defender a causa monárquica. Entregou-me um folheto com um design muito tosco onde vinham explicítas as razões para a sua posição. No meio da fraca argumentação houve uma afirmação que me prendeu a atenção (também explicíta no folheto), e me deu uma enorme vontade de rir, que é a de que um Rei não está sujeito aos interesses de grupos económicos.

Antes de me despedir perguntei-lhe qual a sua formação académica, que praticamente já havia adivinhado, sendo o jovem em questão estudante de Direito da Universidade Católica.

Mais tarde visitei sites da Juventude Monárquica Portuguesa, da Casa Real e da Real Associação de Lisboa. Para além da falta de actualização, um aspecto que marca os diversos sites é o design pouco atraente. Na altura, na página de entrada do site da Real Associação de Lisboa encontrava-se um enorme quadrado preto, onde se podia ler, em letras garrafais República R.I.P: 1910-____. Pouco se pode encontrar em termos doutrinários, sendo de assinalar apenas dois textos no site da Real Associação de Lisboa. Mais recentemente visitei o site do Partido Popular Monárquico, bem melhor a todos os níveis, sendo até de destacar um fórum (que não tem nenhuma mensagem).

Sendo um curioso da ciência da genealogia e do tema das elites, tenho-me vindo a aperceber de extraordinárias “coincidências” de ligações familiares e de certos apelidos repetidos vezes sem conta que se encontram nos mais diversos sectores da sociedade, reflectindo-se na configuração político-partidária do Estado.

Recordo o que disse num exame oral de melhoria de nota de Ciência Política:

É o mesmo sistema que se verificou entre 1877 e 1900 em Portugal, durante o período do Rotativismo entre Progressistas e Regeneradores (período que alguns autores consideram extensivo ao prévio período do regime de Fusão e ao posterior período da Monarquia terminal), onde já se verificava esta tendência e outras bastante actuais como o facto de os líderes dos dois partidos se alternarem na liderança do governo e do Crédito Predial, à semelhança do que acontece hoje em dia com a CGD, ou o facto de determinados indivíduos e famílias, se prolongarem indefinidamente através do património genealógico na teia relacional de influências que é o aparelho estatal, aqueles que segundo Dostoievski pertencem ao Estado Superior, esse conceito abstracto e artificial de diferenciação dos homens, que reprime a meritocracia e caracteriza o Portugal dos Pequeninos com a mania das grandezas, em que reina a incompetência e a demonstração daquilo que não se é, numa permanente verificação do que Pessoa sumarizou na ideia de que “Não há nada mais provinciano do que tentar ser cosmopolita”.

Pergunto-me se é a isto que se pode chamar a causa monárquica? Porque se é, então eu não devo ser monárquico.

Se a causa monárquica está reduzida a uma série de tios de Cascais/Lisboa, barões do Norte e “elites” provincianas, cujos filhos são umas autênticas futilidades que se julgam seres superiores pelos apelidos de que são portadores (pois a pouco ou nada mais podem recorrer para se valorizar), que desprezam os que não são fúteis como eles, que à pergunta “Porque defende a instituição monárquica?” respondem “Porque é uma coisa de gente de bem”, então eu não devo ser monárquico.

Começo a entender porque não se regressou a um regime monárquico em Portugal. A causa monárquica está reduzida a um bando de provincianos sem qualquer sentido de Estado, mal organizados, sem uma liderança esclarecida e desconhecedores dos fundamentos teóricos e históricos do que dizem defender. Raras são as excepções, que assim confirmam a regra.

Pergunto-me o que pensariam disto homens como Pombal, Saldanha, Palmela, Sá da Bandeira, Ávila, Loulé, Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, José Estevão (estes três na tela em cima), Paiva Couceiro...

Partindo da perspectiva de que as revoluções se processam no sentido de subverter a ordem e interesses vigentes para poder substituí-los pelos interesses dos que fazem a revolução, espero que Portugal não caia definitivamente nas mãos de provincianos, mesquinhos, oportunistas, fadistas, toureiros e afins que se dizem arautos da salvação da nação.

Seria interessante saber o que pensa sobre esta conjuntura social S. A. R. o Duque de Bragança, pessoa de assinalável inteligência e cultura, que sem ter culpa se vê no meio destes pretensos monárquicos.

É preciso renovar as elites, recuperar o ideal monárquico de Estado e organizar um movimento credível e profissional que se possa revelar como verdadeira alternativa aos olhos da nação.

Novamente recordo o que disse no exame oral de melhoria de Ciência Política:

Por tudo isto me assumo pessoalmente como um idealista defensor da Monarquia, como garante da imparcialidade e defesa dos interesses dos cidadãos, arguindo que de facto, para evitar a lógica cíclica dos regimes políticos, devem-se observar as positivas características do sistema britânico (bem como da grande maioria dos países europeus, em que não é de estranhar a existência de Monarquias Constitucionais) e num futuro, que falta saber se breve ou longínquo, introduzir novamente o elemento substancial Monárquico, não apenas o formal representado pelo órgão de Presidente da República, em Portugal, com vista a institucionalizar um sistema de “checks and balances”, em que o povo se une em torno da prossecução de um ideal que os seus representantes, detentores da ciência da polis, deverão defender constantemente, o verdadeiro desenvolvimento intelectual e educacional que permita também um sustentável desenvolvimento económico e social.

10 comentários:

Unknown disse...

Gosto tanto da citação da tua melhoria de nota a CP! É bonita sim senhor! E que tal elucidares os teus leitores como conseguiste tal nota? Com a professora sentada ao teu lado na frequência? Indo com ela para o Bairro Alto? Metendo-lhe a mão na cintura? Fingindo ser do Benfica?

Porque será que não é tua intenção falar de "mesquinhices" do ISCSP? Parece-me que a maior mesquinhice (ou mini pelo menos) que lá andou foste tu. Ainda bem que estás tão orgulhoso do teu... "esforço" para chegares tão... "longe".

E gosto também que alguém tão confiante das suas ditas "capacidades" use argumentos tão pouco imaginativos para ficar ofendidinho com comentários que não gosta. Será que preciso mesmo referir o meu nome para dizer aquilo que tu és? Parece-me tu, mais do que ninguem, sempre fingiu ser outra coisa para ter o que quer.

Enquanto no meu caso defini-se por "anonimato" (e parece-me que ainda tenho direito a tal!) no teu é simplesmente... crónica falta de personalidade.

Ismenia disse...

Falem mal, falem bem, o que interessa é que falem...;D

Dão-te imensa importância Samuel, caramba! Nem mesmo no outro lado do mundo te esquecem, "malucos"! =D*


Deixa a monarqui em paz... estamos melhorzinho dos pior regimos ok? =P*

Abraço*

Ismenia disse...

Falem mal, falem bem, o que interessa é que falem...;D

Dão-te imensa importância Samuel, caramba! Nem mesmo no outro lado do mundo te esquecem, "malucos"! =D*


Deixa a monarquia em paz... estamos no melhorzinho dos piores regimes ok? =P*

Abraço*

Tiago Alpha disse...

Ohh por amor de deus... não faço a minima ideia de quem tu és... mas sinceramente pensa um bocado nas coisas que andas para ai a dizer.. não deves ter a minima noção do que é uma amizade e do que é um professor decente que não se deixa levar por amizades no que diz respeito ao trabalho.. cá para mim falta-te amigos ou simplesmente é frustração por não teres passado a CP ou simplesmente por não teres tido uma nota boa a CP... sinceramente... há pessoas com tão pouco inteligência que até faz impressão.. a professora tambem estava sentada ao meu lado na frequência.. e não foi por isso que tive uma grande nota... o problema de certas pessoas é que não suportam que outras sejam muito mais inteligentes e capazes em determinadas areas que elas mesmo, e daí nascem estas invejas... tenhão dó de vós mesmos... estes comentários só vem provar que há pessoas estupidas e mesquinhas no ISCSP cresçam e arranjem vida própria pah...

Samuel de Paiva Pires disse...

Acho graça que alguém que se mantém no anonimato (que para mim, se estamos em (suposta) Democracia, é uma cobardia), me acuse de falta de personalidade.
Como disse Manuel Alegre, medo de quem e em nome de quê?

Quando disse que não queria falar de mesquinhices do ISCSP é porque este blog não foi criado para esse efeito. O meu endereço de e-mail está no blog, estás perfeitamente à vontade para falar comigo por e-mail. Mas e que tal daqui a 2/3 meses falares comigo cara a cara, como nunca niguém nessa faculdade teve coragem de o fazer, apesar de falarem tanto mal de mim (a maior parte das pessoas, como tu, sem praticamente nunca terem falado comigo, ou até sem sequer me conhecerem), e até parecerem saber mais da minha vida do que eu próprio.

Sejas a Sofia, sejas a Patrícia, pelo menos não sou eu que ando a criar blogs que se destinam a "queimar" o ISCSP na praça pública (http://theislandbugle.blogspot.com).

Ainda assim vou responder a algumas das tuas inquietações que parecem assolar-te de forma tão grave (não sabia que podia causa tão mal estar pessoal, peço desculpa por isso).

Em primeiro lugar, diz-me que posição tao alta é essa que parece que tenho,segundo o que dizes. E já agora diz-me onde é que me andei a gabar alguma vez de ter essa suposta posição, que desconheço, esse orgulho que ter chegado tão longe. Bem, só estou do outro lado do Atlântico, não sei onde é que cheguei tão longe...

Em segundo lugar, consegui ter 16 a CP nas 2 frequências, com muito estudo (os 2 livros de Marcel Prelot e Georges Lescuyer, o livro do Prof. Maltez, os livros do Prof. Sousa Lara, os livros do Oliveira Martins, lendo clássicos como o Príncipe, o Contrato Social, a República, Cartas sobre a Tolerância, etc, os livros do Prof. Hermano Saraiva (o conciso, o maior, e os 3 livros da enciclópédia que ele organizou para um jornal, respeitantes ao período estudado) Em todo o ano, a CP faltei apenas 2 ou 3 vezes. Tirei notas de tudo (que inclusive emprestei a outros colegas) e intervi nas aulas. Tive 17 na melhoria Oral. Outra pessoa também teve 17. e Outra pessoa teve 19, e garanto-te que não foi por amizades com a Professora, saídas à noite, ou coisa que o valha. Há pessoas com muito valor na turma.

Fingi ser do Benfica? Não deves ter estado nas mesmas aulas que eu, porque quando se falava do Benfica eu era dos primeiros a torcer o nariz e falar mal do Benfica, e toda a gente, incluindo a Professora, desde o início do ano, sabem que sou do Sporting.

Podes perguntar a mais de metade dos alunos de RI e CP do ISCSP, e de certeza te responderão que já sairam à noite com a Professora.
Talvez tenhas também que abrir um pouco os horizontes, por exemplo aqui em Brasília os Professores são muito mais descontraídos, inclusivé alguns saem à noite com os alunos, e não é por isso que tiram melhores notas (segundo o que me contam, antes que comeces aí a especular, pois pouco tenho saído aqui, visto que tenho imensa coisa para estudar, já que a bibliografia é constituída por imensos textos científicos da área, cuja leitura é obrigatória, pelo que não é difícil imaginar as minhas noites por aqui, tendo em conta que estou a fazer 7 disciplinas, e que para cada aula é preciso ler 2/3 textos (nunca menos de 20 págs, e a maioria em inglês).

Quanto a meter a mão na cintura da Professora, não me recordo disso. Sempre a tratei por Professora e nunca me atreveria a fazer isso.

Se tiveres mais inquietações quanto à minha pessoa, tal como disse em cima, podes enviar-me um e-mail que terei todo o gosto em responder-te. Ou então demonstra que tens carácter suficiente para falar comigo pessoalmente.

Agradeço-te a frontalidade até porque finalmente alguém teve decência de falar mal de mim comigo. Pena é que se tenha decidido manter no anonimato e utilizado meios electrónicos. É fácil escondermo-nos por detrás de um computador.

Mas nem todos têm a coragem de ser frontais e de agir de acordo com os seus princípios, e se querem provas disso quanto à minha pessoa, basta lerem a minha carta de demissão da AE que segundo consta ainda está afixada no painel no Bar.

Gostaria ainda de agradecer-te os comentários, que parece têm gerado mais visitas do que esperei ao blog, e o facto de todos os dias verificares se já escrevi algo novo. Ainda bem que o blog é do teu agrado.

Bad publicity is always good publicity. Por vezes é ainda melhor.

E tal como a Ismenia disse, "Falem mal, falem bem, o que interessa é que falem".

Por último quero agradecer os comentários da Ismenia e do Tiago. Um bem haja! E sim Ismenia, tens razão, é o melhor do que temos experimentado...Vou ver se escrevo sobre isso :D Obrigado.

Samuel de Paiva Pires

Rousseau disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rousseau disse...

Mim Tarzan, tu Jayne.
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL

Nero disse...

SAMUEL!!! Tu e a Prof. estão tramados cmg pá! Eu estava primeiro na lista dos gajos que a iam pinar!!! Não vos vou perdoar este ultraje!!!

Ricardo Gomes da Silva disse...

numa prespectiva séria, parte doque diz sobre a Causa monarquica é correcto...a juventude monarquica actual e os sites da Causa bem como as suas estruturas estão um pouco estagnadas, mas o conceito politico e regimental da monarquia continua actual
Parte dos monarquicos (nobres e não nobres) discutem de forma vigorosa o que define a monarquia e a sua inevitável convivência com os ideais republicanos...pois a inabilidade do nosso regime actual reside da fraca temporariedade do Chefe de Estado e a sua conotação (inevitável)com uma qualquer força politica
No site do FDR (forum democracia Real)...SP (somos Portugueses)...etc
Fala-se de monarquia a sério, claro que existem posts inuteis mas a democracia é isso

Samuel de Paiva Pires disse...

Tive a oportunidade de visitar os sites da FDR, IDP, Causa Monárquica e constatar que afinal ainda não está tudo perdido.

Um bem haja!